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O centenário de Nelson e Jorge

Escritores Rodrigues e Amado são lembrados por suas obras sensuais e ousadas

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Jorge tratava o amor de forma lúdica e com o tempero picante da Bahia. Já Nelson gostava de escancarar a hipocrisia da classe média e a fraqueza da carne com sotaque bastante carioca. Dois dos maiores escritores da literatura brasileira estariam completando 100 anos se estivessem vivos em 2012: Nelson Rodrigues e Jorge Amado. 

Nascido em 10 de agosto de 1912, na Bahia, Amado é um dos mais traduzidos autores brasileiros de todos os tempos. Suas obras já foram editadas em 55 países. Ele só perde para Paulo Coelho. No entanto, ele é imbatível no estilo romantismo ficcional. Tanto que ele foi agraciado com o importante Prêmio Camões, em 1994, em reconhecimento ao brilhantismo de suas criações literárias. 

Além disso, ele foi jornalista, deputado federal, pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), ocupou a Cadeira de número 23 na Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono José de Alencar, mas, acima de tudo, será sempre lembrado por suas histórias de amor e pecado, quando criou personagens marcantes como Gabriela, Tieta do Agreste, Vadinho, Teresa Batista, entre outros. 
 
Suas obras mais célebres são: Capitães da Areia (1937), Gabriela, cravo e canela (1958), A morte e a morte de Quincas Berro d'Água (1961), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966), Teresa Batista cansada de guerra (1972) e Tieta do Agreste (1977). Amado recebeu prêmios e comendas ao redor do mundo. 

Já Nelson Rodrigues, o Anjo Pornográfico, chegou neste mundo em 23 de agosto de 1912. Um pernambucano de alma carioca, já que se mudou para o Rio de Janeiro aos quatro anos de idade. Começou a carreira literária através do jornalismo, quando escrevia matérias policiais no periódico “A Manhã”, que era de propriedade de seu pai. E foi apurando os casos mais escabrosos que Nelson teve o material necessário para produzir textos relacionados à decadência da sociedade e da hipócrita classe média, como a sublime peça “Beijo no asfalto”, de 1960.

Depois de passar por crises familiares e sofrer com a tuberculose, em 1941, Nelson estreia como autor teatral, com “A mulher sem pecado”, mas obteve pouca repercussão. Mas a virada aconteceria pouco tempo depois, com a clássica “Vestido de mulher”, dirigida pelo grande Zbigniew Ziembinski, e que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com sucesso arrebatador. Este texto é considerado o ponto de partida do teatro brasileiro moderno.

Com o uso de pseudônimos, ele escreveu folhetins de grande sucesso na imprensa carioca. Esse ritmo intenso de produção culminou com o lançamento de sua terceira peça, “Álbum de família”, outro clássico, que só foi liberado pela censura quase 20 depois de sua concepção. No jornal Última Hora, escreve uma série de crônicas denominada “A vida como ela é”, outro marco em sua carreira, que também foi um dos mais importantes cronistas esportivos do País, sendo responsável pela aura criada em torno do clássico Fla-Flu. 

A verdade é que Nelson Rodrigues e Jorge Amado forjaram o senso comum da sensualidade e dos prazeres e pecados do sexo do brasileiro. Suas criações também foram adaptadas no cinema e na televisão, além, é claro, no teatro. Até hoje, essas histórias causam fascínio e espanto, com seu teor erótico e escancarado da intimidade da nossa sociedade. Foram homens à frente de seu tempo. 

Jorge partiu desta para melhor, quatro dias antes de seu aniversário, em 06 de agosto de 2001. Já Nelson nos deixou bem antes, em 20 de dezembro de 1980. Os corpos deram lugar às lendas. Gênios imortais e insubstituíveis.