Quando jovens, os homens raramente demonstram preocupações com a saúde e ir ao médico para um simples check-up pode ser um martírio sempre evitável e jogado para o mês que vem. Acontece que quando a idade começa a bater isso muda e o costume de visitar o médico com maior frequência torna-se fundamental. E para tirar as dúvidas mais comuns dos homens de meia idade conversamos com o Dr. Antônio Sproesser, clínico geral e apresentador do programa E Aí Doutor? da Record, que recentemente lançou o livro Pergunte ao Doutor.
AreaH: A partir de que idade em média os homens passam a se preocupar com saúde?
Antônio Sproesser: Antigamente o homem só ia ao médico quando estava doente. Hoje estamos muito mais antenados e preocupados com o diagnóstico precoce das doenças e na manutenção da saúde. Em média a partir dos 30 a 40 anos nota-se maior preocupação dos homens. Seja porque estão se casando ou trabalhando com mais afinco e tendo maiores preocupações com a qualidade de vida.
AH: Quando estas preocupações chegam, quais são as mais comuns dos homens desta idade?
AS: Geralmente apresentam algum caso de câncer ou doença cardíaca na família. Observamos uma preocupação maior em filhos cujos pais têm câncer de próstata, ou doenças advindas do aumento das gorduras do sangue como o colesterol e triglicérides. Preocupam-se também, se os pais são portadores de diabetes e hipertensão arterial ou se já tiveram doenças como infarto e acidente vascular cerebral.
AH: Quanto a disfunções sexuais, quais são as doenças e as causadoras de possíveis mais comuns ao homem de meia idade?
AS: Sem dúvida as questões ligadas ao estilo de vida, como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e os distúrbios psicossociais como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, estresse crônico, são atualmente os responsáveis diretos e causadores dos desajustes sexuais, levando á perda da libido e secundariamente às disfunções sexuais. Mas, o lado bom é que existe saída e tratamento para se resgatar a saúde sexual, tendo como fator fundamental a mudança dos conceitos na busca de uma melhor qualidade vida.
AH: Quais são os principais mitos que os homens desta faixa etária acreditam equivocadamente?
AS: Os principais mitos são: nunca fico doente e tenho saúde de ferro; fumar está na moda e meu avô fumou até os 90 anos e nunca ficou doente; bebo desde os 14 anos de idade e nunca tive nada, ao contrário, quanto mais bebo, melhor eu fico; usar camisinha é coisa de "boiola". Sempre transei sem e nunca peguei nenhuma doença; atividade física é coisa de maluco. Prá que malhar e me cansar, se sei que vou morrer de qualquer jeito?; vamos comer de tudo beber todas, pois não sei o dia de amanhã. Essas são as principais que ouvimos toda hora aqui no consultório médico.
AH: De onde surgiu a ideia de escrever o livro "Pergunte ao Doutor"?
AS: A ideia nasceu quando estive nos Estados Unidos, mais especificamente em Harvard, durante um encontro de colegas e amigos. Estava aguardando um colega na sala de espera do hospital onde trabalha e folheei um livreto sobre perguntas e respostas. Achei inteligente. Chegando a São Paulo pensei nas perguntas mais frequentes que as pessoas em geral me fazem, não só dentro do hospital, como também nos lugares onde normalmente frequento como academia, barbearia, posto de gasolina, supermercado, etc.
Dividi em capítulos, totalizando seis, como gravidez e cuidados com as crianças, vida sexual, nutrição, sono, qualidade de vida, síndromes, e as mais frequentes. Numa linguagem simples, pretendi oferecer noções gerais e tirar dúvidas. Não pretende jamais substituir uma consulta médica e sim tornar-se uma ferramenta confiável para tirar dúvidas e ser instrumento de utilidade pública. Coincidentemente, no programa da TV Record que apresento, o “E Aí Doutor”, temos um quadro chamado “Pergunte Agora”, que é um dos mais vistos e requisitados.
AH: É possível convencer um homem a mudar seus hábitos para que este evite problemas mais graves de saúde?
AS: Filhos que vivem em lares cujos pais são sedentários, obesos e glutões vão sem dúvida nenhuma copiar os mesmos costumes de comer exageradamente, levar uma vida sem exercício físico e aderir ao hábito de fumar e beber precocemente. E é neste ponto onde gosto de trabalhar. Resgatar nos pais o interesse em melhorar os hábitos e costumes, alterando de maneira indireta a educação de seus filhos. Ampliar a visão para uma vida mais saudável, adotando no dia-a-dia, medidas simples, objetivas e eficientes para a manutenção da saúde física e mental.
É o que batizei como “O Fator Wellness” que venho estudando e praticando há mais de 35 anos, ou seja, a saúde física, mental e espiritual ou energética. Os médicos especialistas que participam de maneira multidisciplinar são os médicos de família ou clínicos gerais, que avaliam o indivíduo como um todo, os cardiologistas que monitoram a função do coração, os endocrinologistas que avaliam o metabolismo e o funcionamento das glândulas responsáveis pelo estresse e obesidade, os psiquiatras que nos ajudam a cuidar do componente psíquico, emocional e comportamental. Finalmente lanço mão também de nutricionistas, psicólogos e preparadores físicos.