Muita gente afirma que o emprego dos sonhos é ser “dono do negócio” dos pais, ou o “chefão” na empresa da família, mas só quem está nessa posição consegue identificar realmente os pontos positivos e negativos (sim, há muitos!) desse tipo de herança.
Afinal, desafios e dificuldades profissionais são comuns em qualquer companhia, mas convenhamos, as empresas familiares apresentam maior complexidade na gestão, e uma das razões para esse fato são os conflitos vivenciados por essas corporações que podem acontecer, por exemplo, devido à cultura familiar.
Vai dizer que você não conhece alguma empresa que seja comandada por membros da mesma família e tem conflitos, e no fim, as relações emocionais entre essas pessoas no ambiente de trabalho impactam o relacionamento profissional dos mesmos.
Outro fator marcante é a falta de profissionalização nessas organizações, uma vez que a ausência de capacitação profissional dos envolvidos pode interferir e prejudicar a condução dos negócios.
Hoje, as empresas gerenciadas por famílias representam cerca de 70% da economia nacional e estão concentradas em setores como agropecuária, têxtil e alimentos.
Outro dado valioso e preocupante: apenas uma em cada três empresas familiares ultrapassa a terceira geração de seus fundadores. E destas, somente 30% chegam à quarta geração.
Caso você esteja nessa posição é bom ficar atento para conduzir o negócio de forma competitiva e estratégica. Para isso o Área H conversou com a consultora em RH especializada em empresas familiares Daniella Camara. Veja as dicas:
- Não se torne um cabide de empregos: Por mais eficiente que seja a empresa, dificilmente ela crescerá mais do que a família. Por isso, muito cuidado para não comprometer o negócio empregando todos os familiares.
- Selecione criteriosamente: Jamais empregue alguém que não possa ser demitido. Os descendentes do fundador precisam acumular experiência no mercado e aprender a olhar a empresa da família não como uma herança, mas como um negócio;
- Controle o caixa: Pesquisas internacionais revelam que apenas 5% dos negócios familiares continuam a gerar dividendos atrativos para os seus acionistas depois da terceira geração. A ordem é controlar o caixa com pulso firme;
- Herdeiros devem participar desde cedo. É preciso manter o vínculo dos descendentes com o negócio como um exercício diário. Uma das formas de fazê-lo é estimular a participação dos herdeiros desde sempre na rotina da empresa;
- Planeje a longo prazo: Empresas só atravessam décadas de vida porque seus gestores estão sempre atentos aos rumos do mercado, aos movimentos da concorrência e às inovações tecnológicas;
- Negócios, negócios, conflitos à parte - Estudo feito por uma consultoria internacional especializada em gestão de empresas revela que 65% dos casos de mortalidade decorrem de conflitos entre parentes. Por isso, é importante deixar os rancores do lado de fora dos portões da companhia;
- Valorize a essência – É indispensável passar às próximas gerações os princípios e os valores que nortearam a criação do negócio;
- Aprenda com os erros – A maioria das empresas familiares já passou por pelo menos um problema sério ao longo de sua história. Porém, é importante aprender com a história do negócio e tentar não repetir os erros do passado;
- Invista em “sangue novo” - É importante que cada geração que assuma o comando dê fôlego ao negócio e ao modelo de gestão, de modo que a empresa seja renovada e esteja preparada para enfrentar novos desafios.
- Olho para o futuro - A tradição é um grande diferencial, mas empresas devem ter os olhos voltados para o futuro para não perder seu lugar no mercado.