Tomado por impecáveis carros antigos, o Anhembi recebeu pela primeira vez na semana passada uma exposição que remonta diversas épocas da história da indústria automobilística através da evolução dos automóveis. A primeira edição do Salão Internacional de Veículos Antigos (SIVA) reuniu 240 carros raros de colecionadores, apresentando clássicos como Galaxies e Mavericks e também modelos pouco conhecidos, como o Brasinca 4200 GT e o Alfa Romeu JK 1963, ambos produzidos no Brasil.
Em meio aos diversos Cadillacs "rabo de peixe", um ícone da década de 50, Dodge Darts e Landaus rodeados de admiradores, o AreaH encontrou um veículo de pequeno porte mas grande importância na história do Brasil. Com apenas 350 kg, uma porta única que abre para frente, e um motor de dois cilindros que garante mais de 9 cavalos, a Romi Isetta foi um marco na indústria automobilistica brasileira.
Por ter sido o primeiro carro de passeio fabricado em série no país, sua inauguração em 1955 recebeu o então governador de São Paulo Jânio Quadros, que deu uma volta em torno do Pacaembu com o mesmo exemplar do minicarro exposto no Salão. "Ele chega aos 80 km/h, mas não é muito bom para ultrapassar caminhões", brinca Felipe Leandro, funcionário do Clube do Carro Antigo.
Apesar de ser um evento de macho, o SIVA também emocionou muito marmanjo com a celebração dos 50 anos da primeira série produzida no país, o 'Vigilante Rodoviário', expondo um Simca Chambord modelo 1959 caracterizado com as cores do automóvel original utilizado pelo protagonista Carlos Miranda, que com o fim da série acabou se tornando guarda rodoviário de verdade.
A restauração de carros antigos é um processo bastante complicado, podendo levar de 11 meses a 5 anos para alcançar um resultado satisfatório. "Há muitos restauradores que utilizam produtos de baixa qualidade como a massa de poliéster. O ideal é buscar profissionais que trabalham com abrasivos plásticos e óxido de alumínio", recomenda Dennis Oliveira, proprietário de uma empresa de restauração de carros antigos.
O mercado nacional de colecionadores automobilísticos parece dar seus primeiros sinais de crescimento no Brasil, embora todas as peças de carros antigos ainda sejam importadas. "Se você quiser montar uma Bel Air 57 você encontra todas as peças de carroceria, mesmo sendo importadas e caras. Há 20 anos mal se encontravam pneus de carros clássicos", comemora Roberto Luga, conselheiro do Clube do Chevrolet.