Os diversos formatos da vagina compõem um tema que, mesmo gerando certa polêmica na mesa do bar, costuma ser encerrado por uma unanimidade: de qualquer maneira, todas são úmidas e quentinhas. Grosserias à parte, depois da terceira garrafa todo homem está pronto para bater no peito e dizer que é um genuíno “pau pra toda obra”. Uma vez em quatro paredes, porém, nem todos eles realmente encaram qualquer parada. Sim, as patas de camelo que circulam por aí prometem um universo côncavo de prazer quase irresistível. Mas como nas fotos de fast food, nem todas elas oferecem uma apresentação digna da propaganda.
Não é por acaso que cirurgia cosmética genital feminina é um segmento do mercado de cirurgias plásticas dos EUA que está em pleno crescimento. Apesar do alerta da Universidade Americana de Ginecologistas e Obstetras (ACOG) sobre os riscos e a validade deste tipo de cirurgia, a estimativa é que milhares de mulheres se submetam ao bisturi nos próximos anos.
Críticos disseram que a tendência é reflexo da busca feminina a um ideal impossível de perfeição física, estimulado pela pornografia online e cirurgiões que podem não deixar claros todos os perigos, como infecções, cicatrizes, dor e perda de uma série de sensações, como já relatado por alguns pacientes.
“Mesmo quando as mulheres tomam conhecimento das possíveis complicações, como a insensibilidade do clitóris, se mostram implacáveis no caminho rumo a uma vulva mais desejável e perfeita”, disse Harriet Lerner, psicólogo especializado em questões femininas.
Mais de 2.140 mulheres norte-americanas se submeteram ao “rejuvenescimento vaginal” no ano passado, de acordo com a Sociedade Americana de Cirurgia Plástica e Estética -- em todo o mundo foram 5.200 cirurgias em 2010. Especialistas salientam que estes números não incluem os diversos procedimentos realizados por ginecologistas.
Médicos de todo o país disseram que cada vez mais mulheres, adolescentes e setentonas, estão interessadas no procedimento, que pode custar entre US$ 2500 e US$ 12 mil. “Digo a todas as pacientes: ‘você é normal do jeito que é’”, disse Miklos, que realiza até 180 labioplastias por ano para remover o excesso de pele dos pequenos lábios. “Jamais sugeriria uma cirurgia dessas a qualquer um. Afinal de contas, qual o tamanho certo para um nariz ou um queixo? Isto cabe ao indivíduo. Ele deve decidir”.
Cirurgiões afirmam que muitos pacientes são influenciados por imagens de genitais maquiados ou modificados cirurgicamente de atrizes pornô.