O antigo ditado alerta sobre os perigos que um homem pode se submeter na hora de misturar trabalho com vida amorosa, mas quem nunca se envolveu com uma colega de escritório? Diversos são os casos de casais que trabalham juntos ou em áreas diferentes, mas dentro da mesma empresa. Salvo as exceções em que o marido indica a mulher ou vice-versa para uma vaga interna, a esmagadora maioria se conheceu assim, entre passadas pelo corredor, cafés da tarde e até mesmo colaboração para entregar as funções diárias, como campanhas publicitárias ou relatórios de vendas. Afinal, estar o dia inteiro, todos os dias, ao lado de alguém deve criar um interesse sentimental ou carnal, principalmente se ela for gostosa e bonita, mas pode trazer também muitos problemas. Como aconteceu com o gerente de produtos Carlos Alberto, de 33 anos.
Carlos era recém-chegado em uma filial de um dos bancos privados do país e logo chamou atenção das colegas de andar. "Não é questão de ser ou não narcisista, mas é perceptível quando alguém te olha com outras intenções. E pude perceber isso logo nos três primeiros meses de empresa. Às vezes, me sentia mal pelo leve assédio passivo que sofria, as indiretas com conotação sexual. Mesmo relutante em pegar alguma mulher no trabalho, acabou rolando", confessa. A questão é que nosso protagonista já havia tido experiências ruins em outros ambiente corporativos. "A verdade é que posso falar: não sou de desperdiçar oportunidade com gostosas, mas já acabei no RH por conta disso. E evito misturar...até onde dá", brinca Carlos, com um tom tragicômico.
Negar a investida de uma mulher pode ir contra os princípios heterossexuais convictos de um homem. Logo, se o cara não tiver a cabeça no lugar, pode ser atraído para uma armadilha, colocando em risco seu cargo, seja com uma subordinada ou superior. "Não existe diferença no cargo. É arriscado se relacionar tanto com uma chefe quanto com uma funcionária", comenta a psicóloga e consultora de RH, Natalia Weiss.
Perigo real e imediato
Para a diretora de Recursos Humanos da Proton Consultoria Sônia Nakabara, as mulheres dificilmente conseguem separar o pessoal do profissional. "Uma mulher não se envolve para ter apenas um caso. Ela não correria este risco. Por ser mais ciumenta, mais passional, mais sentimental que o homem, a relação pode interferir na questão profissional. O mundo masculino, por ser motivado por um impulso sexual, consegue ser mais frio e separar essas duas esferas", explica.
Além disso, Sônia ressalta que o sentimento sempre fala mais alto do que a razão. "Assim, se houver um conflito agudo entre o casal, o bom senso deixa de existir e consequentemente a rotina profissional é afetada, principalmente se os indivíduos atuam juntos", diz a especialista. "Essas relações podem atrapalhar o andamento do trabalho e acontece de um acobertar o outro, prejudicando a produtividade de ambos", reforça o coro Natalia. Portanto, é preciso de muita firmeza e sinceridade para limitar exageros na hora de iniciar uma relação com alguma colega de trabalho.
Já que tá gostoso, deixa!
Mesmo com todas as dicas, sabemos que quando os corpos se tocam, é difícil fugir. E se você já está à espreita de um alvo, vale a pena considerar as sugestões das especialistas. "Se quiserem seguir com a relação, o mínimo é que ambas as partes precisam ter discrição; não fazer comentários com os colegas da empresa, não almoçarem juntos, em suma, todo o envolvimento deve acontecer fora da empresa e do horário do expediente", aconselha Sônia. "O RH não pode se envolver nas questões pessoais dos colaboradores. Caso se trate de uma relação estável, seria interessante comunicar aos gestores de cada área. Agora, se estiver atrapalhando o rendimento, esses gestores devem se manifestar", complementa Weiss.