Unir os gêneros de ficção científica e faroeste nas telas não é algo inédito, e já houveram tantos erros quanto acertos na tentativa de criar algo nesse sentido - e estão aí para provar a ótima série James West (Wild Wild West, 1965), sua não tão boa adaptação cinematográfica (em 1999, com Will Smith e a bela Salma Hayek) e o péssimo Cowboys & Aliens (2011). Westword, tanto o filme quanto a série, alcançam um meio termo ideal entre estes dois gêneros sem exageros, e transita entre os dois com naturalidade, sem perder a mão em momento algum. Ponto positivo.

Convenhamos: até a melhor premissa não faria metade do sucesso se não possuísse personagens bem construídos e atores talentosos e capazes o bastante para dar lhes dar vida em tela. Westworld acerta em cheio nos dois. O elenco da série é recheado de atores e atrizes de alto calibre, como Anthony Hopkins (que interpreta Ford, o criador do parque), a estonteante Evan Rachel Wood (brilhante como a robô Dolores), Ed Harris (o misterioso e ameaçador "Homem de Preto") e outros que não deixam nada a desejar em seus respectivos papéis, a exemplo do pouco aproveitado, mas sempre competente, Rodrigo Santoro.

Homem algum resiste a uma boa série, principalmente quando ela possui os elementos que mais lhe agradam: boas sequências de ação e muito, mas muito sexo. E Westworld não deixa a desejar em nenhum dos dois. A começar pela ação, que resgata todo o glamour dos filmes de bang-bang em tiroteios de tirar o fôlego do espectador, com perseguições a cavalo e tudo mais que caracterizou o gênero. Já as cenas de sexo e nudez são um espetáculo à parte, e mantém o espectador vidrado na tela toda vez que a bela Evan Rachel Wood, Thandie Newton ou Angela Sarafyan tiram as roupas - sempre em cenas essenciais à trama, é claro.  

Se você busca uma série em que possa relaxar mentalmente, Westworld infelizmente não é a que você procura. Desde o primeiro episódio, a história envolve o telespectador de tal forma que fica quase impossível não se flagrar imaginando teorias e possibilidades no decorrer da temporada. Como se não bastasse, a trama intrincada surpreende a cada novo episódio e insere elementos psicológicos e científicos elaborados e elementais ao enredo. Apesar dos (raros) momentos mais leves e descontraídos que a série oferece, é necessário manter-se constantemente atento sob o risco de perder uma pista importante contida em uma frase, gesto ou cena. 

Como foi mencionado lá no começo do texto, Westword, a série, é quase inteiramente baseada em Westworld, o filme. Com a diferença crucial que a versão televisiva é infinitamente superior à obra de 1973 estrelada pelos astros Yul Brynner e James Brolin. Isso porque o filme limita-se a uma simples história de robôs que rebelam-se contra aqueles que os criaram e controlam, enquanto a série expande esses horizontes em uma trama muito mais elaborada, que se utiliza a todo momento de conceitos complexos de psicologia e filosofia, além das atuações marcantes, a fotografia impecável, a bela abertura e muitos outros elementos.

Quando nos lembramos que Westworld é produzida pelo canal HBO, é praticamente impossível não lembrar automaticamente de sua irmã mais velha e de maior sucesso, Game of Thrones - e de como ela está extremamente próxima de acabar, para a tristeza de todos os fãs que acompanharam as aventuras em Westeros por tantos anos. Pois bem, visando o futuro de seus telespectadores, a HBO tem investido pesado em Westworld, que irá herdar o horário nobre de GOT no canal e é forte candidata a ser sua sucessora também em termos de audiência. Se essa expectativa se cumprirá durante as cinco temporadas previstas para a nova série, só o tempo dirá - mas baseado na primeira temporada, vale a pena acompanhar Westworld.