Já ouviu aquele conselho de vó que diz que o mar não é para brincadeira? Pois bem, a máxima funciona também para rios e represas. E, principalmente, se você estiver à bordo de um jet ski. Os recentes acidentes com vítimas e mortes envolvendo esses veículos de propulsão abriram uma discussão que existe há tempos sobre a legislação de pilotagem no Brasil. O cerco fechou e novas normas serão implementadas para esse nicho.
Na última semana de fevereiro, o prefeito Gilberto Kassab, em reunião com o comandante do oitavo distrito naval, vice-almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão, restringiu o espaço para o uso do jet ski na Represa de Guarapiranga, zona sul da cidade, polo da prática na capital e palco da mais recente tragédia do segmento. A marinha manteve a responsabilidade de fiscalizar a utilização do equipamento, porém apenas quando estiverem sendo usados na água. Mas não se preocupe! Ainda dá para brincar de Baywatch durante os finais de semana de sol. É só lembrar que velocidade é coisa de gente grande, com responsabilidade e guardar as orientações que passaremos ao longo dessa material.
O ABC dos esportes náuticos
Você pode se achar o profissional do guidão, mas para pilotar um jet ski precisa da licença conhecida como Arrais-amador. De acordo com o presidente da associação brasileira de jet ski, Luiz Marcelo Teixeira, o órgão responsável por expedir essa habilitação é a Marinha. “Além da moto aquatica, a Arrais possibilita dirigir outras embarcações de pequeno porte e veleiros em águas abrigada, ou seja, rios, lagos, represas, praias e baias. Nada de mar aberto”, orienta.
Para obter a licença, o interessado deve se inscrever nas Capitanias para realizar os exames pertinentes a categoria do jet ski. “Além dos exames, existe um curso prepatório que simula todos os possíveis casos de aproximações de outras embarcações. Inclusive, ensinam como agir em situação de perigo, quais são as regras de atracagem, primeiros socorros, etc.. É tipo um CFC dos esportes náuticos”, comenta Luiz.
Assim como no volante, quem está a bordo de um veículo aquamotor deve prevenir-se de acidentes com alguns equipamentos, como colete salva-vidas e, no caso de competições, capacete com fechadura de queixo e óculos de proteção. Além de ter responsabilidade e não pilotar sob efeito de álcool ou outras drogas e respeitar as regras impostas pela Marinha do Brasil. Teixeira aponta as principais:
- Navegar a mais de 200 m de distância da orla
- Diminuir a velocidade para 3 nós ao dirigir-se à margem, o equivalente a 5km/h
- Não pilotar em locais aglomerados de banhistas
Seu veículo, seu amor
E não basta simplesmente comprar um jet ski e guardar na garagem de casa. Esse equipamento precisa de manutenção e pode ser hospedado em uma marina. “Geralmente, o custo mensal é de R$450, entre limpeza, mão-de-obra especializada e dois testes semanais na água para manter o funcionamento das peças e motor”, exemplifica o presidente.
Vale ressaltar que o piloto é a chave de toda moto aquatica e depende dele a conduta do equipamento. A utilização de gasolina de má qualidade e a água salgada causam constant problemas no sistema do jet ski, então nada de pensar que se trata de uma simples troca de pilhas. Com a manutenção em dia e evitando gracinhas, piruetas, “cavalos de pau” e alta velocidade em locais inapropriados, você não deve ter problemas. Então, limite sua habilidade de Valentino Rossi das águas para levar aquela gata a uma ilha deserta e aproveitar o dia. Vale mais a pena, não prejudice ninguém, não dá processo nem cadeia!
Na ponta do lapis
Valor médio de um jet ski no Mercado paulistano: R$ 35 mil
Valor médio mensal de hospedagem em uma marina: R$ 450
Valor de uma carreta para transporte do jet ski: R$ 2 500