Elogios rasgados, indignação, excitação quando o time adversário perde uma jogada. Narrador de jogo de futebol também é gente, até porque o futebol é o esporte que mais mexe com o emocional. Nas linhas a seguir, fizemos um apanhado dos principais caras que monopolizam os microfones quando a bola começa a rolar nos campos. Figuras como Galvão Bueno, Luciano do Valle, Osmar Santos, Sílvio Luiz, Milton Leite, entre outros, são famosos e possuem fãs e críticos de seus trabalhos.
Quem tem costume de acompanhar jogo pelo rádio, diz que o narrador passa mais emoção na hora do jogo, até pelo fato do ouvinte não estar acompanhando de forma ocular, portanto cabe a este profissional o papel de transmitir a emoção do “espetáculo”.
O grande ícone de narração no rádio é Osmar Santos, famoso por seus bordões e pela emoção que narrava partidas. Expressões como “Pimba na gorduchinha”, “ripa na chulipa”, “um pra lá, dois pra cá”, “vai pegar fogo no boné do guarda”, “vai garotinho” e o famoso “E que GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!”. Além de eternizar a expressão “animal”, que acabou virando marca registrada do ex-jogador Edmundo. Em 1994, sofreu um acidente de carro com sequelas graves que lhe afetaram a fala. Hoje fala pouco mais de cem palavras, mas gravou seu nome na mídia esportiva, tanto que na Copa de 2014 pensam em batizar a bola oficial com o nome de “Gorduchinha”.
Na televisão, criou-se um vínculo maior entre o narrador e o espectador, como é o caso de Galvão Bueno, não somente pelo futebol, mas também pela Fórmula 1, quando narrava as vitórias de Ayrton Senna, “Ayrton, Ayrton Senna do Brrrrrrrrrasil!” (seguida da música característica). Já no futebol, Galvão é tão querido quanto odiado e virou motivo de piadas na internet, como o famoso “Cala boca, Galvão”, que teve seu ápice durante a Copa de 2010. Seus bordões mais conhecidos são “Quem é que sooooooobe?”, “Sai que é sua (nome do goleiro)”, “Toca y me voy”, “Haja coração”, “Bem amigos da Rede Globo”, “Prepare o seu coração”, “Vai pra cima dele (nome do jogador)”, “Gooooooool! É éééééééé do Brrrrasil!”. O problema de Galvão são seus momentos de “sabedoria”, quando tenta dissertar sobre assuntos específicos e acaba não dizendo nada de relevante.
Outra voz marcante da TV é a de Luciano do Valle. Trabalhou na TV Globo por muitos anos como locutor principal de eventos esportivos, depois da chegada de Galvão Bueno, foi para a TV Bandeirantes, deu um rasante na Record, e novamente retornou à Band. Foi apelidado como “O gol mais bonito da TV”, pois todos os seus gritos de gol duravam exatos oito segundos. Nunca foi criador de nenhum grande bordão, mas com o passar dos anos deixou a idade pesar e constantemente troca ou diz errado os nomes dos jogadores, por exemplo, Elano por Eleno, Ronaldinho por Renatinho, etc. Com os erros, é sempre corrigido ao vivo pelos comentaristas com quem trabalha.
Há anos na televisão e hoje trabalhando na RedeTV! como locutor principal, Sílvio Luiz sempre foi irreverente e muito brincalhão enquanto narra os jogos. Tamanho sucesso fez Sílvio ficar conhecido como “O gol mais irreverente da TV”. É tão brincalhão, que diversas vezes esquece do jogo que está narrando para falar da reforma na cozinha da sua casa e outros assuntos que nada tem a ver com a partida. Expressões como “Olho no laaaaaaance”, “Pelas barbas do profeta”, “Pelo amor dos meus filhinhos”, “Balançou o capim no fundo da rede” estão presentes em praticamente todos os jogos narrados por ele. Vale lembrar que Sílvio Luiz não grita gol, diz “Éééééééééééé do (nome do time) e foi foi foi foi foi foi foi ele, (nome do jogador), o craque da camisa número X”. Recentemente, em uma votação popular, foi escolhido para narrar a série de jogos Pro Evolution Soccer, justamente por seu carisma com o público brasileiro.
Apesar de não estar na TV aberta, Milton Leite revelou-se na SporTV como um dos mais notáveis narradores, além de ser ótimo no que faz tem um repertório recheado de bordões carregados de ironia como “que beleza”, “que faaaase”e “agora eu se consagro” (quando o jogador dá um chutão pro gol que vai muito longe). Além disso, toda jogada com finalização ele diz “A batiiiiiida”. Vale lembrar que Milton é responsável pela famosa frase que ganhou o Brasil: “O Rogério Ceni é chato pra c...”.
Podemos citar também Cléber Machado, Luís Roberto, Oscar Ulisses, José Silvério, Téo José, Nivaldo Prieto, Paulo Soares, João Palomino e muitos outros, mas nenhum deles usa algum bordão característico.
Um conjunto de fatos torna o futebol emocionante e passional, onde os narradores também fazem parte da construção dessa história.