Você certamente deve se lembrar de “Popeye”, o popular desenho dos anos 1930 que trazia o personagem-título como um marinheiro durão que tirava sua superforça das latas de espinafre que consumia em momentos de extrema necessidade para salvar sua amada, Olívia Palito, das garras do feroz Brutus. Se a história de que essa fonte de força foi usada por causa de um acordo entre o criador do desenho e uma empresa de espinafre enlatado é real, não é possível saber, mas é fato que desde então essa plantinha é associada ao aumento de força física.
Responsável pelo aumento de 70% de espinafre consumido nos EUA - devido principalmente às mães que diziam a seus filhos que ficariam fortes se comessem a planta - a dieta do personagem pode muito bem ser aplicada nos dias de hoje por quem quer desenvolver músculos, como apontou um estudo da Universidade de Leuven, na Bélgica.
A pesquisa não era sobre a eficácia do espinafre em si, mas sim sobre os efeitos do nitrato (substância absorvida do solo por hortaliças como alface, repolho, espinafre, etc) no desempenho esportivo.
No estudo, os cientistas belgas deram suplemento com 400 mg de nitrato (no dia a dia, a ingestão média é de apenas 61 mg e de 185 mg para os vegetarianos) aos participantes e os colocaram para fazer exercícios curtos de alta intensidade - 4 a 6 sprints, de 30 segundos cada, com intervalos de recuperação de 4 a 5 minutos - em bicicletas ergométricas. O processo se repetia três vezes por semana.
Os participantes foram divididos em dois grupos: enquanto metade pedalava em uma sala com quantidade normal de oxigênio, a outra se exercitava em uma sala com baixo nível de oxigênio, que simula ambientes de grande altitude.
No período de cinco semanas, o grupo que havia treinado nas condições de grande altitude obteve mais sucesso em desenvolver seus músculos – mais especificamente suas fibras musculares brancas, relacionada a explosões de energia e força – em menor tempo do que aquele que havia se exercitado em condições normais.
Como este resultado é apenas preliminar, falta ainda descobrir se o aumento de consumo do nitrato na alimentação aliado aos exercícios em níveis mais baixos de oxigênio é capaz de trazer os mesmos benefícios aos atletas e se o uso de altas doses de nitrato pode ser prejudicial à saúde por causa de sua transformação, no corpo, em nitrito, que afeta as células responsáveis pelo transporte de oxigênio.
Portanto, antes de sair correndo atrás dos suplementos de nitrato, é melhor esperar para os futuros resultados dessa pesquisa. Dar aquela reforçada na salada com espinafre pode ser uma ideia melhor por enquanto.
Sobre Luis Carvalho
Nerd full time, viciado em literatura, HQs, games, filmes e séries, descobriu o amor pelo jornalismo ao perceber que não sabia fazer contas.
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