O torcedor de futebol é um ser passional. Ele não entende que o jogador é um profissional e que a maioria das transferências é motivada por propostas salariais mais vantajosas e/ou condições de trabalho melhores. Quem consegue explicar isso para os românticos das arquibancadas?
E quando um ídolo troca seu time pelo rival, o amor se transforma em ódio mortal em fração de segundos. Na história do esporte, existem casos emblemáticos envolvendo transferências para lá de polêmicas. Mágoas jamais perdoadas. Em algumas situações, houve um perdão parcial, mas o amor de fã virou coisa do passado.
Confira a lista com os dez maiores traíras do futebol:
10 - Ronaldinho Gaúcho
O Flamengo está longe de ser um rival do Grêmio, como é o Inter, por exemplo, mas a transferência do craque do Milan para rubro-negro causou um surto de ódio na torcida gremista, já que Ronaldinho Gaúcho, que começou a carreira no Tricolor, tinha dado sua palavra que voltaria para o Estádio Olímpico. A diretoria do clube gaúcho já tinha preparado a festa para recepcionar o jogador, mas, na última hora, ele preferiu jogar no Rio. Desde então, o Dentuço é persona non grata no lado azul de Porto Alegre. Para piorar, ele saiu do Fla com clima de barraco e briga na Justiça. Hoje, ele está relativamente bem no Atlético-MG. Mas até quando?
9 – Kléber Gladiador
Outro que não trocou um grande por outro do mesmo Estado, mas, mesmo assim, é exemplo de causador de discórdia. Kléber Gladiador é um jogador que adora chegar nos clubes beijando o escudo e atuando com muita raça. Em muitas vezes, com força desmedida, o que faz ser um recordista de cartões vermelhos. Mas de que adianta demonstrar tanto amor se ele tem saído sempre destas equipes pela porta dos fundos? Assim foi com Palmeiras, recentemente, depois que não conseguiu se transferir para o Flamengo. De tanto forçar a barra, acabou no Grêmio. Não deixou saudade no Palestra, pelo contrário.
8 – Luis Enrique
Então principal jogador do Real Madrid, o camisa 10 da seleção espanhola Luis Enrique Martínez deu uma “punhalada” no coração dos madridistas ao acertar com o arquirrival Barcelona, na temporada 1996/97. O Barça abrira os cofres para montar um timaço, com direito a Ronaldo Fenômeno, em início de carreira, Giovanni (ex-Santos) e o repatriado Stoichkov. Mas a torcida merengue provaria o doce e frio gosto da vingança poucos anos depois...
7 – Viola
Fanfarrão e provocador, Viola era a cara da Fiel. O artilheiro do Corinthians que adorava provocar os rivais, principalmente o Palmeiras, chegou a imitar um porco na comemoração do gol da vitória na primeira partida da decisão do Paulistão de 1993 (só que a taça foi parar no Palestra Itália, depois do chocolate aplicado no segundo e decisivo jogo). Depois de uma rápida e melancólica passagem pelo Valência (ESP), ele voltou ao Brasil para vestir a camisa do... Palmeiras. A massa alvinegra não perdoa a traição de Viola até hoje, tanto que ele rodou por vários clubes, mas nunca chegou perto de novo dos portões do Parque São Jorge.
6 – Di Stéfano
Considerado por muitos, inclusive Diego Maradona, como o maior jogador de todos os tempos, o craque argentino naturalizado espanhol Alfredo Di Stéfano, dentre todos os feitos obtidos em campo, é tido como o responsável por inflamar a maior rivalidade entre times do planeta: o clássico Barcelona e Real Madrid. Tudo começou em 1953, quando o Barça contratou o atleta junto ao River Plate, legítimo dono de seu passe, enquanto o Real fechou negócio com o Milionários (COL), então atual casa do jogador. A confusão foi tão grande que até o ministro do Esporte da época, General Moscardo, interveio e sugeriu que o argentino fizesse temporadas alternadas pelas duas equipes. Como os catalães não concordaram, Di Stéfano não só ficou em Madrid como se tornou o mais importante jogador da história do clube, com inúmeras conquistas.
5 – Bebeto
Em 1989, no auge de sua forma, o baianinho Bebeto, um dos principais craques do Flamengo, que ainda contava com Zico e outras feras, não estava se entendendo com a direção rubro-negra sobre a renovação de seu contrato. O então vice-presidente de futebol cruzmaltino, a raposa felpuda Eurico Miranda, percebeu a oportunidade e fez uma proposta irrecusável. Com a indefinição do caso, o passe do jogador foi parar na federação e, rapidamente, o Vasco agiu e passou a ser detentor de seus direitos. Bebeto passou de ídolo a inimigo dos flamenguistas de um dia para o outro.
4 - Romário
Eis que o Fla riu por último. Revelado pelo Vasco da Gama em meados da década de 1980, Romário brilhou intensamente com o time da Cruz de Malta, principalmente no bicampeonato carioca de 87/88, conquistado contra os rubro-negros. Depois de brilhar intensamente no PSV (HOL) e Barcelona, além de ser o principal nome da conquista da Copa de 1994, pelo Brasil, e ter sido eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa, naquele ano, o Baixinho voltou ao Brasil para vestir as cores do maior rival do Vasco, o Fla. A traumática saída de Bebeto fora vingada.
Logo na apresentação, ele falou para os vascaínos levarem lenços brancos para o Maracanã. No fim de 1999, teve seu contrato rescindido por um caso de um ato de indisciplina no Flamengo. E no início do ano seguinte, ele voltou a São Januário, mas nunca teve a aprovação da maioria dos torcedores, que já tinham Edmundo como seu grande ídolo no coração.
3 – Ibrahimovic
O sueco Zlatan Ibrahimovic é daqueles que o torcedor, em sua passionalidade, vê como o atleta mercenário. Ele conseguiu a proeza de magoar os seguidores dos três principais times da Itália. Quando a Juventus foi rebaixada por conta dos escândalos com apostas, Ibra não quis nem saber e se mandou para a Inter. Bastaram três temporadas com a conquista de todos os títulos possíveis na Velha Bota para ele se tornar o mais querido jogador da torcida. Só que a ânsia por conquistar a Champions League e uma proposta irrecusável do Barcelona fizeram com que desse adeus sem pensar meio minuto.
Moral da história, Ibra quebrou a cara feio, pois, além de sua passagem pelo Camp Nou ter sido um fracasso, seu ex-clube venceu a Liga dos Campeões logo em seguida. Mas, para aumentar o desgosto da massa interista, ele retornou à Itália justamente para vestir a camisa do arquirrival Milan, onde conquistou um título nacional, em duas temporadas. Mas bastou o PSG oferecer um caminhão de dinheiro para ele dizer “ciao” para os milanistas.
2 - Luís Figo
O craque português Figo é o maior traidor do futebol mundial. Tudo porque ele feriu de maneira inesperada o lado azul e grená da maior rivalidade futebolística do mundo. Gozando do status de ídolo nº 1 da torcida do Barcelona, a transferência do atacante luso para o Real Madrid, em 2000, pela então cifra recorde de 61,5 milhões de euros, deixou o mundo boquiaberto por se tratar da negociação mais cara da história do futebol.
A devoção ao dinheiro deixou os barcelonistas revoltados. Figo virou uma espécie de Judas para os blaugranas. Tanto que, em 2003, quando o português atuou no estádio do Barça com a camisa do Real, ele foi alvo de objetos como moedas, celulares, bolas de golfe e até cabeças frango e porco. Dez anos após a polêmica transferência, o jornal esportivo catalão Sport fez uma enquete para saber se a torcida do Barcelona perdoaria o atacante. O “não” teve 89% dos votos.
1 – Ricardinho
Como a lista foi feita com foco no público brasileiro, não poderíamos deixar de sermos passionais a ponto de permitir que um estrangeiro seja o número 1. No geral, Figo é o maior traíra do futebol, mas o caso mais famoso em terras tupiniquins envolveu a saída de Ricardinho do Corinthians para o São Paulo, em 2002.
Assim que acabou a Copa, quando sagrou-se pentacampeão mundial, o meia, um dos mais queridos atletas da Fiel, meio que forçou a barra para se transferir para o São Paulo, numa negociação que custou R$ 4 milhões aos cofres do Tricolor. A notícia causou revolta entre os corinthianos, que não deixaram o jogador em paz. Para alegria dos revoltados alvinegros, a passagem de Ricardinho no SPFC foi apagadíssima.
Ele ainda voltou ao Timão, em 2006, mas muito a contragosto. Tanto que ele foi apontado como um dos vilões da eliminação precoce do time na Libertadores. Sem clima no Parque São Jorge (há muito tempo) e com fama de traíra entre os próprios companheiros, ele se mudou para o futebol turco no mesmo ano. Os grandes momentos e conquistas do jogador pelo clube não tem peso algum frente ao sentimento de traição que a massa ainda nutre por ele.