Os homens que fazem academia visando o ganho de massa muscular parecem nunca estar satisfeitos com seus próprios músculos. Mas, cada vez mais médicos têm apontado a importância em se preocupar com essa necessidade eterna do "um pouco mais forte" que mora na cabeça de alguns homens que vão à academia compulsivamente. Afinal, é possível ser um viciado em músculos? Sim, e este perigoso vício já tem até um nome: vigorexia.
A semelhança com a palavra anorexia não é gratuita. Muitos especialistas no assunto apontam diversos sintomas comuns entre este problema à vigorexia, tais como baixa autoestima, distorção da imagem corporal, tendência à automedicação e baixa idade (adolescência). Em contrapartida, se a anorexia é muito mais comum em mulheres e está relacionada à ingestão de laxantes e diuréticos, a vigorexia é o oposto: acontece preponderantemente em homens, que costumam ingerir anabolizantes.
"O vigoréxico é aquele que não aceita sua imagem corporal e visa mudá-la a qualquer maneira. Mas, diferentemente da anorexia, quando as pessoas se vêm mais gordas do que são, os vigoréxicos acreditam que são mais magros e fracos", explica o psiquiatra Fábio Salzano, da equipe clínica do Ambulatório de Bulimia e Distúrbios Alimentares do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Por se tratar de um distúrbio ligado ao Transtorno Dismórfico Corporal, assim como a anorexia, o tratamento da vigorexia é psiquiátrico (mais efetivo se acompanhado por um psicólogo). Quanto aos sintomas, que denunciam um potencial caso de vigorexia, os principais são: depressão, insônia, sentimentos de inferioridade e perda de apetite. Não raramente o tratamento deste tipo de patologia envolva nutricionistas.
E os perigos desta doença não são exclusivamente psicológicos. A relação das pessoas que sofrem da vigorexia com o consumo de anabolizantes é muito forte. E como estas pessoas que são dependentes de um ganho muscular intenso, não conseguem ver os resultados que desejam, costumam abusar dos esteroides.
"Quando você olha uma pessoa magra ao extremo, consegue detectar que existe um problema, já o inverso é muito mais difícil, pois alguém muito musculoso na academia está sempre revestido de uma imagem muito ligada à saúde", lembra Fábio Venturim, professor de Educação Física e especialista em Fisiologia do Exercício.
Além disso, quem sofre de vigorexia costuma não respeitar os limites necessários para o descanso do próprio corpo e corre o risco de sérias lesões musculares e articulares, além de uma série de problemas e efeitos colaterais ligados ao uso indiscriminado de anabolizantes e suplementos. Então, fica a dica: se sua relação com a academia chega a ser doentia, de saudável isso não tem nada.