Não é de hoje que o homem inveja a habilidade de voar dos pássaros, e mesmo a invenção do avião ainda parece não ter satisfeito este desejo totalmente. Quando sonhamos que estamos voando, não há motores pesados ou controles complexos para manejar, mas simplesmente uma experiência intuitiva que nos permite flutuar livremente num "espaço" criado pela mente. Buscando reproduzir a cena onírica na vida real, o homem chegou longe demais: e foi equipado com Jetpack.
Desde os anos 1960 o aeronauta e inventor brasileiro Santos Dumont deve estar se revirando em seu caixão no Guarujá. Nesta época, militares norte-americanos começaram a estudar a viabilidade de um dispositivo individual que proporcionasse a habilidade de voar a soldados em combate – facilitando ações táticas e a travessia de campos minados.
A incrível inovação tecnológica não levou muito tempo para deslumbrar milhões ao ganhar as telas no cinema no filme Thunderball do agente secreto James Bond. Pilotado por Bill Suitor, o dispositivo também foi exibido na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 e levou mais 17 anos para chegar ao Brasil. Em terras tupiniquins, o carnavalesco Joãosinho Trinta apresentou o "homem voador" em dois carnavais que sua escola participou no Rio de Janeiro – 2001 e 2010. A última vez que o "brinquedo" futurista apareceu por aqui foi na Avenida Paulista através de uma campanha publicitária de uma empresa de desodorantes.
Atualmente, há três companhias que oferecem a "mochila a jato": a Tecnologia Aeroespacial Mexicana (TAM), a norte-americana Thunderbolt Aerosystems e a neozelandesa Martin Aircraft. Embora todas ofereçam produtos similares, seus dispositivos apresentam diferenças muito peculiares.
JETPACK
O Jetpack da Martin traz um motor à gasolina 2.0 V4 com mais de 200 cavalos e duas hélices que produz impulso suficiente para levantar o piloto e o veículo de 242 kg. Ele proporciona uma velocidade vertical de até 32 km/h e pode alcançar os 100 km/h em cruzeiro.
O tanque de 18.9 litros garante uma autonomia de até 50 km em velocidade máxima à estrutura razoavelmente grande de fibra de carbono, e o Jetpack consegue voar a uma altura limite de praticamente 2,5 km.
Se as coisas derem errado e o motor do dipositivo falhar, um sistema de paraquedas balístico – que pode ser aberto em altitudes bem baixas – garante a segurança do piloto, além de um discreto contentor de rolagem que o protege de impactos laterais.
Além de recreação, a companhia prevê um uso amplo do Jetpack, como em resgates, operações policiais e emergências médicas. O aparelho foi criado pelo estudante universitário neozelandês Glenn Martin, que em 1981 iniciou suas pesquisas para produzir um Jetpack que superasse as limitações do Rocket Belt.
A Martin garante que o piloto não precisa ter licença para pilotar a máquina, porém isto depende da regulamentação de cada país. A companhia ainda está dando os toques finais no produto e ainda não tem previsão de lançamento, mas já vem aceitando pedidos em seu site de empresas dispostas a pagar US$ 100 mil pela novidade.
ROCKET BELT e THUNDERPACK
A Thunderbolt Aerosystems é pioneira no desenvolvimento de "cinturões" de propulsão à jato pessoais, e de fato foi responsável pelo modelo utilizado nos filmes do agente 007. A idéia de um cinto-foguete viável é creditada a Wendell Moore, um engenheiro que trabalhava na empresa (antiga Bell Aerosystems), e o novaiorquino James C. McCormick projetou a primeira unidade de potência do jato.
Seu Thunderpack é muito parecido com o modelo fabricado pela TAM tanto em desempenho quanto aparência. Bastante compactos, eles são controlados por dois joysticks e utilizam peróxido de hidrogênio como combustível – o que é bastante seguro, já que os dois propulsores expelem apenas oxigênio e vapor d'água pressurizados. A dirigibilidade lembra a de um helicóptero, com oito opções de movimento.
Ambos já estão disponíveis para compra, e apesar de suas semelhanças técnicas, os valores são bem diferentes: enquanto a TAM exige US$ 250 mil para você levar o Rocket Belt para casa, o Thunderpack sai por US$ 125 mil. A disparidade é explicada pela personalização de componentes oferecida pela empresa mexicana, que o fabrica sob medida para seu porte físico. Neste caso, não é necessário ter um CNPJ para poder encomendar o produto.
Eles alcançam uma velocidade máxima de 100 km/h abastecidos somente com peróxido – quando adicionado querosene ao combustível, ele chega aos 120 km/h. Após a compra, a Thunderbolt informa que o aparelho leva até 150 dias para chegar em sua casa.
Entretanto, o ponto fraco dos dois propulsores é a autonomia de apenas 30 segundos no ar a partir dos tanques que somam 9 litros, sem falar de sua altura máxima de 500 metros. Além disso, não é qualquer um que aguenta sustentar a estrutura e os cilindros – juntos eles pesam mais de 158 kg.
Sem dúvidas, este tipo de veículo pessoal provoca o imaginário desde viciados em velocidade até os fanáticos por novidades tecnológicas. No entanto, é importante salientar que estes últimos dois modelo exigem não só uma bela quantia como também coragem para pilotar. Isto porque eles não incluem qualquer tipo de sistema de segurança, o que torna uma queda a partir de seu alcance máximo de meio quilômetro fatal. E aí, vai encarar?