Little Bastard, o Porsche amaldiçoado de James Dean Conheça a história do Little Bastard, carro assassino que virou mistério nas pistas e tirou a vida de James Dean há exatos 60 anos gplus
   

Little Bastard, o Porsche amaldiçoado de James Dean

Conheça a história do Little Bastard, carro assassino que virou mistério nas pistas e tirou a vida de James Dean há exatos 60 anos

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O ator

A história começa em 8 de fevereiro 1931, em Indiana, EUA. Nascia então um dos maiores nomes do cinema de seu tempo: James Dean. O ator teve uma carreira meteórica. “Golden Boy”, como Dean era conhecido, morreu aos 24 anos após protagonizar filmes famosos como “Rebeldes sem Causa”, num acidente de carro, enquanto dirigia para uma corrida à bordo do seu "Little Bastard".

James Dean também era o símbolo da rebeldia da década de 1950. Seu temperamento era tido com “difícil” no meio cinematográfico. Ursula Andress, a primeira Bond Girl, teve um relacionamento com Dean e dizia que ele era “como um animal selvagem”.

As corridas

Dean tinha outra paixão além do cinema. Nas horas vagas gostava de correr. Em 1955, comprou seu primeiro esportivo, um MG TD 1953. Ainda em 55 trocou o MG por um Porsche Speedster Super Motors preparado para competições. Pouco antes do início das gravações de “Rebeldes sem Causa”, Dean começou a correr. Em sua primeira corrida, terminou em primeiro lugar da classe dos novatos.

Porsche 550 Spyder

Durante as gravações de “Gigantes”, a Warner Bros proibiu o ator de participar de corridas, nessa época ele havia encomendado um Lotus IX Sport Racer, porém a entrega do modelo demoraria. Ao final das gravações, repentinamente, o Golden Boy trocou seu Porsche por outro mais potente, um 550 Spyder 1955 com 100 cavalos de potência. De acordo com Lee Raskin, historiador Porsche e autor do livro “James Dean At Speed”, o ator levou o carro para Dean Jeffries pintar “Little Bastard” na lataria do Spyder. Jeffries customizou o Porsche. Pintou o número “130” no capô e nas portas; na traseira, a numeração divida espaço com a inscrição “Little Bastard”.

O apelido do carro veio de Bill Hickman, um dublê de motorista dos estúdios Warner Bros, que fez amizade com Dean e um dia o chamou de “bastardo”, o ator retrucou o chamando de “grande bastardo”. Dean também colocou esse nome em seu carro para mostrar à Warner que mesmo com a proibição, ele continuaria correndo. Antes de começar a competir com sua nova máquina, James Dean a levou para um amigo conhecer, o ator britânico Alec Guinness, num restaurante, em Hollywood. Guinness achou o carro “sinistro” e disse ao amigo: “Se você ficar com esse carro será encontrado morto na próxima semana”. Esse encontro ocorreu em 23 de setembro de 1955. Exatamente sete dias antes do acidente que tirou a vida do ator.

O acidente

30 de setembro de 1955. Rolf Wütherich, mecânico formado na Porsche, havia preparado o carro de Dean para a corrida do final de semana, que seria realizada em Salinas, na Califórnia. O ator chamou um guincho para levar seu carro ao evento, e seguiria de carona com seu amigo Bill Hickman, em uma pick-up, logo atrás. Junto com eles, seguiria o fotógrafo Stanford H. Roth, que preparava uma reportagem sobre James Dean nas corridas, para uma revista americana. Mas o ator decidiu dispensar o guincho, pois queria testar o carro antes de colocá-lo na pista. Resolveu que faria a viagem dirigindo o Little Bastard. Wütherick apoiou a ideia e seguiu como passageiro de Dean durante o trajeto, que nunca chegou ao seu destino.

Por volta das 15h30, um guarda rodoviário parou o carro pilotado por James Dean e o multou por estar andando a 65 milhas por hora onde eram permitidas apenas 55 milhas. A pick-up de Hickman que seguia o ator, também recebeu um multa. Após receber a notificação, ambos os carros rumaram pela rodovia que era conhecida como “the racers road”, por ser muito usada por carros esportivos para correr.

Por volta das 17h15, Dean se afastou da pick-up que o acompanhava e acelerou. Adiante, apareceu em sua frente um Ford Custon Coupe pela contramão e em alta velocidade. De acordo com o mecânico Rolf Wütherich, que ia no assento do passageiro, as últimas palavras do ator foram: “Ele tem que nos ver. Ele tem que desviar”. Não desviou. Na ultima hora, James Dean tentou uma manobra evasiva, mas não dava mais tempo. O motorista do Ford disse que “não viu o Porsche prateado”. A força do impacto jogou o Ford 39 metros para trás. O 911 parou com as rodas para cima. Dean teve seu pé esmagado no pedal do freio, várias lesões internas e escoriações pelo corpo e o seu pescoço estava quebrado. Inconsciente, foi colocado na ambulância, onde morreu antes de chegar ao hospital. O passageiro do Little Bastard quebrou a perna, teve diversas contusões e cortes pelo corpo. Os ocupantes do Ford, nada sofreram.

Mistérios

A partir das 17h45 de 30 de setembro de 1955, o Porsche Spyder 550, que era pilotado por James Dean, se envolveu em diversos “incidentes fatais” ou, pelo menos curiosos.

Apesar do estado da lataria, algumas peças ainda teriam proveito. Com isso, a companhia de seguros que ficou responsável pelos “destroços” vendeu o que restou do carro. A sucessão de fatos que fazem de Little Bastard um dos carros mais marcantes do mundo tem seus argumentos. O motorista do guincho que foi retirar o carro morreu, pois os destroços caíram em cima dele, no local onde havia ocorrido o acidente.

Quando enfim foi removido, voltou para Holywood, para a garagem de George Barris, que o comprou por US$ 2.500 dólares. Mais uma vez o carro escapou do guincho, dessa vez quebrou as duas pernas de um dos mecânicos que estava retirando "o assassino" do caminhão. Barris, em certa ocasião, chegou a dizer: “nunca tive boas sensações perto daquele 550”, mas queria acreditar que não passava de superstição.

Em outubro de 1956, o motor que equipava o carro de James Dean foi instalado em outro carro, que em sua primeira viagem, também se envolveu num acidente e matou seu proprietário, um médico de Beverly Hills.

William Eschrid comprou o câmbio do Little Bastard e ficou vivo por pouco, após bater violentamente o carro em que o tinha instalado. Eschrid contou que “o automóvel travou bruscamente, sem motivos aparentes”.

As rodas do Posche de James Dean, que foram vendidas pouco tempo depois do acidente, voltaram a se envolver em um acidente por apresentarem “defeitos”. O interior do carro também foi reaproveitado e um garoto cortou o braço ao tentar roubar o volante do Little Bastard durante uma corrida internacional.

George Barris tinha um certo “medo” dos restos do Spyder de James Dean. Seu medo aumentou quando o galpão onde o guardava pegou fogo, queimando todos os carros que estavam lá dentro, misteriosamente, menos o Little Bastard. Para se livrar da “má sorte”, Barris começou a emprestar a lataria retorcida para a polícia da Califórnia para utilizarem em apresentações durante palestras sobre imprudência no trânsito. Numa das apresentações, em Sacramento, o carro caiu do estande e machucou um adolescente.

Durante o transporte para uma outra apresentação, em Salinas, o caminhão que o transportava se envolveu num acidente e o motorista morreu. Os destroços ficaram intactos na carroceria do caminhão.

Mas, a história do Little Bastard não acaba. Existe um hiato entre 1958 até os dias de hoje. O sabido é que George Barris embarcou a carroceria do Porsche 550 Spyder para uma exposição em Miami, porém o carro jamais chegou ao seu destino, simplesmente desapareceu.

Muito se especula em torno do sumiço dos restos do Little Bastard. Alguns acreditam numa reconstituição do chassis e da lataria do carro de James Dean, e que estaria escondido até hoje, outros acreditam que algum aficionado por carros e pelo ator que foi proprietário do Spyder comprou a carcaça do motorista do guincho e o preservou, outros, realmente acreditam que o carro “evaporou”. Há ainda a versão de que Barris teria mandado destruir o carro com medo da “maldição”. De qualquer forma, provavelmente, nunca saberemos com certeza onde está ou o que houve com Little Bastard.