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Discutir a relação é um inferno? Conversamos com uma expert no assunto para saber como levar seu namoro aos céus ou ao túmulo

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Chico Buarque pode não agradar a todos com sua literatura, mas de uma coisa o cara entende: mulheres. "O ciúme é como um repolho", escreveu ele em um de seus livros mais recentes, mesmo sem deixar claro que a analogia vai muito além deste sentimento.

O momento todo mundo já conhece. Por algum motivo, quando convivemos com as pessoas que amamos ou achamos que amamos há uma clara tendência ao acúmulo de decepções e palavras não ditas. Pratos e abajures quebrados ou o silêncio absoluto podem ser indícios de um instante crucial evitado por meses e anos num relacionamento: a temida DR. 

As discussões de casais referidas pelo acrônimo popular "existem para afinar, para cortar as arestas, e para que a parte mais infeliz no relacionamento seja ouvida", segundo a psicóloga e psicoterapeuta corporal Luiza da Costa Santos.

De acordo com Santos, os homens geralmente não tomam a iniciativa porque eles "são culturalmente incentivados a esconder os sentimentos", o que deixa transparecer que as mulheres reclamam e demonstram mais suas emoções. 

A melhor forma de reaproximação do casal seria buscar estabelecer o diálogo através de um pedido de desculpa sincero, momento ideal para "surpreender o parceiro", sugere a psicóloga. Segundo ela, expor os sentimentos seria o primeiro passo para tentar achar uma saída para ambos. "Os homens sempre têm um ponto de vista diferente da mulher. Para que se estabeleça uma boa comunicação entre eles, o homem deve começar assumindo a responsabilidade de entender a forma que a mulher fala. Não comece a se defender e admita quando não entendeu", recomenda Santos.

A psicoterapeuta assume que as mulheres se definem mais pela ligação de seus relacionamentos e por seus sentimentos, enquanto os homens tendem a definir a si mesmos por suas façanhas. Ela explica que a comunicação humana gera três tipos de comportamento: agressivo, passivo e assertivo. 

A Barraqueira

Nem sempre se ganha no grito. Este estereótipo sintetiza uma forma direta de atribuição de culpa: é quando a mulher responde com frases agressivas do tipo "você acabou com outra segunda-feira minha", ou "olha só o que você fez" aos berros. A preocupação em encontrar um culpado supera a busca pela compreensão mútua.

A Vitimizada

Esta é uma maneira indireta de atribuição de culpa. A mulher vitimizada costuma fazer chantagens emocionais na esperança de ser compreendida, e age como se o parceiro fosse a resposta para tudo. “Por que você fez isto comigo?” e “eu fiz tudo por você” são bordões recorrentes neste caso.

A Insegura

A insegurança gera expectativa e nos faz agir com base em pressuposições. A mulher insegura é de natureza passiva como a vitimizada, e suas respostas durante as DRs variam de “acho que você não gosta mais de mim” até “não sei se devo ir, queria tanto”.

Para a especialista, o comportamento assertivo, onde se expõe as ideias e as constatações, é o ponto de equilíbrio necessário para que o diálogo aconteça, o que diminui bastante o julgamento excessivo ao qual às vezes impomos o parceiro. Santos inclusive dá o exemplo de uma comunicação assertiva: "quando você se atrasa para o nosso compromisso, me sinto frustrada e triste. Prefiro que comecemos às 20h em vez de 21h, tudo bem?"

"Autocontrole é sempre bom", garante a psicóloga. "Conter-se, evitar tom de voz alterado, xingamentos e falar coisas de longa data" são essenciais para alcançar a sinceridade no relacionamento, pois Santos lembra que no fim das contas o que vale é "buscar um ponto em comum, uma saída boa para ambos, mesmo que seja o fim do relacionamento".