Marcados pela revolução tecnológica e da informação, vivemos o início de um século em que a velhice pode ser postergada e famosos também viram estatística. Tempos atrás, o cantor Zezé, da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, anunciou o fim do casamento com Zilu, que foi sua esposa durante 30 anos. Críticas e parabenizações à parte, por refletir a realidade de milhões de brasileiros, a separação deste ícone popular acendeu a discussão: o que os novos coroas querem fazer dos anos de vida útil que estão ganhando de sobra?
Ao cruzar os 40 anos, o homem entra no chamado “túnel de uma pessoa só”, onde ele questiona seus valores e decisões -- e precisa de muita coragem para superar e sair pelo outro lado. “Uma vez livre, ele se torna o provedor e criador do próprio mundo, passando a querer duas coisas na vida: uma companheira e uma mulher que o admire. Caso não encontre isso em casa, ele vai se separar e arranjar uma mais jovem que faça tudo isso”, explica a coach de relacionamento Margareth Signorelli.
Ela defende que antes de entrar no túnel, o homem costuma viver uma fase de “príncipe”, em que tenta corresponder ao máximo as expectativas da parceira, cedendo de maneira incondicional. Segundo a especialista, boa parte dos homens se aplica ao trabalho em média 12 anos seguidos em busca dos sonhos do casal, até encarar verdades necessárias -- e nem sempre agradáveis.
Já o músico Cauê Procópio, 42, acredita que para o casamento perdurar não pode faltar tesão, respeito e admiração. “Pra mim é muito difícil ficar com uma pessoa ciumenta, por exemplo. Tenho que conversar com muita gente, e a maioria das pessoas que trabalham comigo é mulher. Elas são mais competitivas que os homens”, relata ele. Depois de inúmeros relacionamentos tradicionais e abertos, Procópio vive solteiro e não admite mulheres que tentam moldá-lo.“As pessoas não vivem só: elas podem ter uma relação com alguém e sentir desejo por outra”, lembra o músico.
Signorelli esclarece ainda que a admiração é um fator chave para manter a autoestima masculina e garantir assim o futuro da união. Ao enfrentar os desafios do mercado de trabalho, a mulher acaba correndo atrás de objetivos pessoas semelhantes aos dos homens, e com essa energia sem dúvidas ela não vai “arregar” para o marido quando chegar em casa. “A competição pode impedir que eles mostrem o quanto se importam um com o outro, e em alguns casos a parceira acaba batendo de frente para se impor. O homem vai embora mais fácil nessa fase [na casa dos 40], porque ele geralmente está mais seguro de si”, garante a profissional.
Verdade seja dita: enquanto homens e mulheres ainda testam a viabilidade da monogamia e os caminhos amorais do amor aos berros ou num silêncio sepulcral, os filhos acabam em segundo plano. “O casal tem que ter a consciência que a resolução tomada inevitavelmente servirá de exemplo para crianças e adolescentes, que potencialmente formarão suas famílias”, conclui Signorelli.