Segundo uma pesquisa feita pela Universidade da Flórida, os primeiros registros de vestes humanas datam da Era do Gelo, há cerca de 170 mil anos. Antes disso, todo mundo andava peladão por aí. O tempo passou e as roupas se desenvolveram de formas diferentes, de acordo com as transformações culturais e climáticas de cada região.
Alguns trajes caíram no esquecimento e outros se tornaram tradicionais. Muito por conta da globalização, os jeans e tênis passaram a fazer parte do cotidiano de quase todos os terráqueos. Ainda assim, algumas roupas resistem às pressões do mundo moderno e, se não são usadas no dia a dia, passaram a ser vestidas em ritos comemorativos e em festas que remetem às tradições locais.
De aparência nem sempre comuns para a maioria das pessoas, essas vestes se tornaram uma espécie de símbolo de um determinado país ou território. Confira algumas delas:
Kilt – Escócia
Há quem diga que o kilt foi inventado na Irlanda, mas foram os escoceses que ganharam a fama de usá-los. Mas ai de quem chamar kilt de skirt (saia, em inglês) na Escócia.
Por serem úteis contra o frio e a umidade, em meados do segundo milênio, os kilts se tornaram comuns na gelada região das Highlands (Terras Altas). Como naquela época existiam diferentes clãs, era comum que todos os membros de um determinado grupo utilizassem kilts de um mesmo tartan – padrão quadriculado de estampas compostas de linhas de diferentes tamanhos e cores.
Entretanto, por conta da Batalha de Culloden, em 1746, o sistema de clãs sofreu um forte baque e o uso do kilt chegou a ser proibido pelo rei da Inglaterra George II.
Décadas depois, os kilts voltaram a ser liberados e tornaram-se mais que um traje, um símbolo nacional. Hoje, ele pode ser encontrado nas ruas da Escócia e até mesmo em outros países. Seu uso, tradicionalmente, dispensa o uso de cuecas, mas há quem prefira vesti-lo até mesmo com calças por baixo.
Botas de bico longo – Matehuala, México
Apesar de ainda não serem tão históricas quanto os kilts escoceses, só pelo fato de serem muito inusitadas, a história das botas de bico longo é digna de ser contada.
A moda dos sapatos pontudos começou em uma cidade de pouco menos de 100 mil habitantes chamada Matehuala, localizada no interior do México. De acordo com o jornal inglês Daily Mail, um homem conhecido apenas por “Cesar de Huizache” pediu para o sapateiro local, Dario Calderon, elaborar um sapato igual ao de uma foto, mas com uma única diferença: ele queria que as pontas dos sapatos tivessem 90 centímetros (já que o sapato da foto tinha “apenas” 60 centímetros). Apesar de ter estranhado tal pedido, Calderon aceitou o desafio e confeccionou o sapatão.
Depois disso, não demorou para que o sapato de bico longo se tornasse uma febre na cidade. Todos os homens de Matehuala queriam um desses. Na pequena cidade do México, o sapatão alcançou tanto sucesso que muitas mulheres da cidade se recusavam a dançar com homens que não os estivesse calçando. O difícil só deve ser dançar com um desses no pé.
Lederhosen - Alemanha
Parece um macacão, mas está mais para uma calça. Feita de couro e fácil de ser limpa, a típica roupa bávara, que conta com o messertasche (uma espécie de porta-facas) era tradicionalmente usada para a caça e para o trabalho no campo.
Apesar de ser difícil encontrar algum alemão que use laderhosen cotidianamente, essa peça renasce em alguns casamentos e é mais que requisitada durante as festas de origem alemãs, como o Oktoberfest.
No geral, existem três tipos de liderhosen: o kurze liderhosen (acima dos joelhos), kniebundlederhose (abaixo dos joelhos) e o lange lederhose (até o tornozelo).
Boubou – Oeste da África
O BouBou (que pronuncia-se bubu) é uma peça de roupa que vem lá do oeste africano. Sua origem remete ao século VIII. Ainda vestido em algumas cerimônias islâmicas, o boubou possui toda uma etiqueta de uso. Por conta da tradição mulçumana de evitar impurezas, é extremamente importante manter a parte debaixo do boubou acima dos tornozelos.
Kandura – Oriente Médio
Em um congresso internacional, como aqueles organizados pela ONU, uma pessoa de origem árabe é facilmente identificada. Isso porque entre ternos e gravatas, eles utilizam uma roupa típica de sua região, a kandura.
Feitas de algodão, as kanduras podem ser de diferentes cores. Porém, para suportar o forte calor do verão árabe, as cores mais claras, por refletirem a luz do sol, são as preferidas dessa época do ano. Já no inverno, normalmente opta-se por cores mais escuras.
Apesar de parecer que basicamente só existe um estilo de kandura em todo o Oriente Médio, cada país tem um estilo de confeccionar essa peça de roupa. As kanduras dos Emirados Árabes, por exemplo, não possuem colarinho e levam uma cordinha (chamada tarboosha) em volta do pescoço, enquanto as produzidas na Arábia Saudita, além de serem mais justas, dispensam essa cordinha e adotam dois botões no colarinho.
Sobre Guilherme de Souza Guilherme
Prefere perguntas a respostas e está num relacionamento sério com o jornalismo. Fã de música e livros, é zagueiro adepto do bom futebol, palmeirense-roxo e ex-taekwondista.
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