Mesmo com a extinção da publicidade pró-tabagismo, das imagens bizarras no verso dos maços de cigarro, cerca de 15,1% da população brasileira ainda é de fumantes ativos; uma parcela significativa diante dos mais de 190 milhões de indivíduos que vivem no país. A indústria do tabaco penetrou de forma tão agressiva na cultura ocidental que apesar da queda de 3% no índice entre homens nos últimos seis anos, eles ainda são em maior número que as mulheres, segundo dados do Ministério da Saúde.
Por outro lado, as pesquisas sobre o impacto geral das substâncias que compõem o cigarro sobre o organismo não acompanharam a expansão do setor, e a verdade é que ainda restam mais incógnitas do que certezas quando o assunto é tabagismo. Recentemente, uma pesquisa feita pela Universidade do Texas revelou que homens que pararam de fumar podem ficar a "ponto de bala" até cinco vezes mais rápido do que aqueles que sofrem recaídas.
De acordo com o professor de Urologia da Faculdade de Medicida da Universidade de São Paulo (FMUSP), Dr. Alberto Azoubel Antunes, os resultados do estudo norte-americano foram independentes do grau de disfunção erétil apresentada, mas ele concorda que a conclusão deve"servir de motivação para os homens pararem de fumar".
Para ele, a relação da disfunção erétil (DE) com o fumo é clara: "O risco de um fumante de longa data apresentar DE pode ser 70% maior em comparação com o de um indivíduo não-fumante. Estudos em modelos de animais apontam que o cigarro prejudica o fluxo arterial para o pênis e produz espasmos das artérias penianas. Efeitos nocivos diretos ao tecido erétil e aos nervos penianos também são descritos. No entanto, ainda não se sabe se é a nicotina ou outros produtos do cigarro o principal responsável pela maioria destes efeitos".
Mas nem todo mundo concorda com ele, já que outros fatores do estilo de vida do fumante levados em conta por alguns estudos tornam difícil pontuar os problemas decorrentes do tabagismo. "Muitos homens que fumam intensamente também são sedentários, e não desenvolvem outras formas de atividades que auxiliam e são associadas ao bom funcionamento sexual. Uma década depois de começar a fumar, com outros hábitos não saudáveis, a dificuldade erétil também pode se instalar", lembra Oswald Rodrigues Junior, sexólogo do Instituto Paulista de Sexualidade.
Segundo Luiz Renato Guidoni, membro da Sociedade Internacional de Urologia, cachimbos e charutos costumam ser mais prejudiciais à saúde em vista da maior concentração e menor filtro de substâncias tóxicas. O urologista reconhece que os dados sobre a relação do fumo com o sexo ainda são conflitantes, mas para ele "o grande problema é que quando a disfunção sexual aparece por conta do cigarro, o mal já esta feito e não da para retornar à ereção perfeita, mesmo que se pare de fumar a partir daquele dia", explica Guidoni.
IDADE
Conforme o homem vai ficando mais velho é comum notar uma redução na atividade sexual, cuja origem provém do envelhecimento. Isso significa que com o tempo a disfunção erétil vai se tornando mais evidente, ainda mais com a ação do cigarro: enquanto a disfunção erétil atinge 7% dos homens com menos de 30 anos, ela acomete 40% dos indivíduos acima dos 70 anos, segundo o Dr. Antunes.
VERGONHA
Ter dificuldade de ereção ainda afeta os homens no cerne da identidade masculina. De acordo com Rodrigues Jr, as dificuldades sexuais conduzem a vivências de ansiedade e depressão, acarretando problemas de relacionamento conjugal e afetivo. "As pesquisas mostram que um a cada dois homens tem alguma dificuldade sexual no Brasil. Os que buscam alguma forma de tratamento estão longe de ser percentualmente importantes, revelando que muitos homens se mantêm em sofrimento", sugere ele.
MACONHA
Diante das escassas pesquisas a respeito da ação da maconha sobre a sexualidade, Dr. Antunes chama a atenção à falta de dados mais concisos sobre a ação da droga, já que "enquanto alguns apontam para uma melhora na função sexual, outros falham em demonstrar qualquer efeito". Ele sugere novas análises para estabelecer "o papel destes agentes na função sexual".
No entanto, Guidoni salienta que o consumo prolongado de maconha pode diminuir os níveis de testosterona e a taxa de espermatozóides.
FUMAR PRA QUÊ?
Um fumante que já compreende que o fumo faz parte da dificuldade sexual precisa aprender caminhos de estabilização emocional para combater a dependência do tabaco, de acordo com o terapeuta sexual Rodrigues Júnior.
Ele observa que muitos fumantes tendem a acender um cigarro quando estão ansiosos, ou preocupados com algo. "Neste sentido podemos compreender que alguns homens fumem na tentativa de administrar a ansiedade, e este pode ser um dos pontos de causa da dificuldade sexual", alerta o sexólogo.
Mas e aqueles que apreciam um cigarrinho com café depois do almoço, porém não estão dispostos a abrir mão da virilidade? "O que eu sempre digo no consultório é que a pessoa tem que optar por um dos prazeres: não dá para ser fumante e querer ter um ótimo desempenho sexual", conclui Guidoni.
Quer saber como resolver esse problema? Confira aqui.
Quer saber como resolver esse problema? Confira aqui.