Depois de nos espantarmos com as inúmeras notícias sobre atletas e jogadores de futebol que sofrem ataques cardíacos fulminantes em campo, é difícil segurar a empatia e não pensar que talvez isso possa acontecer conosco. Apesar do esforço físico contínuo exigido no esporte profissional, lembramos que, em geral, os atletas seguem dietas e treinamentos rigorosos, mas que mesmo assim eles não estão completamente livres dos problemas de saúde.
Você se esquece de almoçar e fuma dezenas de cigarros por causa da intensa rotina de trabalho, vai para a balada todo final de semana, toma todas até o "tio" do cachorro-quente cair fora e domingo é sempre dia de curar a ressaca? Talvez seja o momento de rever seus conceitos.
"O álcool em excesso pode predispor a ocorrência de arritmias e outros problemas cardíacos e o tabagismo é um dos principais fatores de risco que levam à doença", alerta o cardiologista Adalberto Lorga Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC). Segundo ele, algumas doenças podem agir em silêncio, já que podem se desenvolver "sem sintomas e serem graves".
Como a genética não é passível de escolha, se nascemos com predisposição para alguma doença, devemos tentar minimizar todos os outros fatores que possam aumentar o risco de manifestação do problema em questão. "Os hábitos saudáveis são conhecidos de todos, e normalmente todas as medidas que fazem bem ao coração (não fumar, praticar esporte, alimentação saudável, controlar hipertensão e diabetes) beneficiam também em relação às arritmias cardíacas", comenta o cardiologista.
Mas afinal, o que é arritmia cardíaca? Segundo o médico, a arritmia cardíaca é um termo amplo que engloba qualquer alteração do ritmo cardíaco, desde uma alteração sem sintomas e menos agressiva até as mais graves, que podem provocar parada cardíaca e morte súbita.
Lorga salienta que "apenas doenças geneticamente determinadas, que aumentam o risco de arritmias graves em jovens, como a Síndrome do QT Longo, a atividade física pode aumentar o risco de arritmias e morte súbita e deve ser evitada", esclarece ele. A doença congênita mencionada pelo cardiologista faz referência ao QT, que é um intervalo do exame de eletrocardiograma que indica a atividade elétrica do ventrículo esquerdo, principal câmara do coração.
A assessoria da SOBRAC explica ainda que o infarto do miocárdio, uma doença das coronárias, é apenas uma das causas de morte súbita cardíaca. Neste tipo de infarto há uma obstrução nas artérias coronárias, o que diminui o fluxo de sangue para o músculo cardíaco, fazendo com que ele sofra falta de oxigênio. Na grande maioria dos casos, a morte súbita é decorrente das arritmias cardíacas (taquicardia e fibrilação ventricular).
Palpitações, desmaios, tonturas, falta de ar desproporcional ao esforço físico realizado e dor no peito são alguns dos sintomas da doença. No entanto,se você tem histórico de arritmia na família, vale procurar um cardiologista mesmo sem qualquer sintoma, e mesmo os exames de rotina conseguem diagnosticar alguns casos.
Você acha que sofre do mal? Muita calma, pois nem tudo está perdido! Existem várias formas de tratamento para o problema que variam conforme a necessidade. Lorga garante que algumas arritmias nem precisam de tratamento. "Algumas são tratadas com medicamentos, outras necessitam de intervenções mais específicas - como ablação por cateter e implante de dispositivos eletrônicos, como marca-passo e desfibriladores", observa o médico.