Na busca pelo corpo perfeito muitas pessoas fazem qualquer sacrifício. Dietas milagrosas, malhações em ritmo frenético, alimentação incorreta e usam e abusam de medicamentos, anabolizantes e suplementos alimentares sem saber, de fato, qual a função de cada produto.
Na cidade de São Paulo, em 2003, 23,9% dos freqüentadores de academia consumiam algum tipo de suplemento, dos quais 77,0% eram do sexo masculino. Em 2008, na mesma cidade, foi observado consumo de 61,2% de freqüentadores de academia.
Engana-se quem pensa que os suplementos são inofensivos. Quando tomado adequadamente, seus efeitos podem ser satisfatórios e trazer resultados positivos ao corpo, mas é preciso ficar atento para não se tornar refém deste produto e não fazer com que seu uso seja maior do que o indicado.
Ao contrário do que possa imaginar, o uso indiscriminado de suplementos alimentares pode causar diversos males à sua saúde. Falamos com o Dr. Murilo Dátillo, nutricionista, professor e especialista em Nutrição Esportiva da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) que nos listou tudo o que você precisa saber antes de comprar um suplemento alimentar.
O que são os suplementos alimentares?
Os suplementos alimentares são produtos produzidos a partir de alimentos (fonte natural) e sua fórmula varia. São alimentos em pó ou líquido, feitos à base de carboidratos, proteínas, gorduras, aminoácidos, cafeína, vitaminas, minerais e etc... Cada tipo de suplemento conta com a presença ou ausência de cada um destes elementos, de acordo com o tipo de produto.
Os suplementos são utilizados como estratégia para que a pessoa possa aumentar o consumo de determinado nutriente ou substância, de maneira mais prática do que através da ingestão de um alimento. Mas é claro que seu uso só deve ser incluído na dieta se a alimentação tiver algum “buraco”.
De acordo com a regulamentação vigente, suplementos alimentares são produtos destinados para cobrir necessidades nutricionais que podem aumentar por conta de exercícios físicos, especificamente para atletas (pessoas engajadas em programas de exercício com finalidades competitivas), e aumentar o rendimento. O uso do produto deve ser feito a partir de uma recomendação de um nutricionista da área do esporte e deve ser acompanhado por este profissional.
Apesar de ser classificado como um produto feito com ingredientes naturais, muitos suplementos são contaminados, colocando em risco a saúde do consumidor. Em geral, as substâncias encontradas neste tipo de produto são derivados de testosterona (anabolizantes), precursores de testosterona, substâncias estimulantes e/ou substâncias inibidoras do apetite.
Anabolizantes, o próximo passo!
Segundo Dr. Murilo, as pessoas acabam depositando muitas esperanças nos suplementos alimentares e, entre homens, é muito freqüente o consumo de esteróides anabolizantes aliado ao exercício e ao suplemento. “Muitas vezes os resultados obtidos pelo exercício + dieta + genética não satisfazem a pessoa. Seria possível evitar o consumo se não houvesse venda ilegal desses medicamentos e fossem realizadas as devidas orientações dentro das academias”, afirma o nutricionista.
O médico também aponta que o mercado de suplementos alimentares e anabolizantes arrecada muito dinheiro por que sua venda não necessita de receita nutricional ou médica pelo simples fato de ser feito a partir de alimentos. “É importante deixar claro que o consumo dos suplementos alimentares só pode ser feito após consulta com nutricionista da área do esporte, onde serão avaliadas as necessidades nutricionais impostas pelo exercício físico e se há defasagem ou não no padrão dietético do individuo”, diz.
Os males
Quando tomado sem necessidade ou em excesso, os suplementos podem causar diversos problemas, principalmente ao metabolismo ósseo, renal e hepático. Além disso, levando em consideração que cerca de 33% dos produtos comercializados são contaminados com substâncias proibidas, outros riscos podem se tornar evidentes, tais como câncer, distúrbios hormonais e psicológicos, e doenças cardíacas.
Fígado e rins podem ser prejudicados quando o consumo é feito em altas doses e espinhas e flatulências também podem aparecer, mas isso depende da tolerância de cada pessoa a determinado produto. Pessoas com diabetes, pressão alta, anemia e hepatite só podem fazer uso desse medicamento após avaliação criteriosa.
Vale lembrar que alguns produtos podem ser utilizados por pessoas que não fazem exercício físico, com o intuito de complementar a dieta. Mas este uso só deve ser feito após avaliação nutricional e prescrição médica. Se for algum produto que contenha carboidrato, proteína ou gorduras pode engordar se consumido em excesso.
Como identificar o suplemento correto?
Os produtos com sustentação cientifica e com nível adequado para consumo são: carboidratos, proteínas, creatina, vitaminas e minerais. Alguns produtos (como BCAA, glutamina, cafeína) podem ser utilizados, para fins muito específicos. BCAA, por exemplo, significa aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, isoleucina e valina) e são os aminoácidos mais utilizados como fonte de energia pelo músculo. Em especial, a leucina é o aminoácido mais importante para estimulação do crescimento muscular. Mas é importante ressaltar que o mesmo não deve ser fornecido isoladamente, pois já é encontrado naturalmente em todos os alimentos protéicos, com destaque para o Whey Protein
