Você, com certeza, já ouviu falar que um dos perigos da caxumba para os homens é que ela desça, atingindo os testículos. A expressão descer não é perfeitamente empregada, então, para tirar dúvidas sobre a doença e suas consequências, conversamos com uma infectologista e um especialista em reprodução humana.
A Dra. Rosana Hitchmann, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a caxumba é uma doença infecciosa causada por vírus, transmitida através do contato com gotículas de saliva de pessoas infectadas. A infecção é mais comum nas glândulas parótidas, por isso a pessoa fica com aquele inchaço na região do pescoço.
O tratamento da doença é sintomático, ou seja, não dá para fazer nada para eliminar o vírus, apenas tratar os sintomas até que a inflamação passe (febre, dor etc.). E a crença comum é que é preciso repouso para que a caxumba não “desça” é infundada, já que o que acontece é que a infecção pode atingir outros órgãos, independente do paciente ter permanecido em repouso.
Orquite e infertilidade
Quando atinge os testículos a doença chama-se orquite pós-caxumba. O Dr. Edson Borges Junior, especialista em Reprodução Humana e diretor científico do Fertility - Centro de Fertilização Assistida, explica que “infecções no aparelho reprodutivo podem obstruir partes do trato genital masculino e desempenhar importante papel na infertilidade masculina”.
A infecção é temporária, mas os danos que ela causa podem ser irreversíveis conforme a gravidade. De acordo com o médico, em 75% das vezes o testículo fica, de alguma forma, prejudicado e em 25% das vezes o homem fica sem espermatozoides.
No caso da orquite, o tratamento também é sintomático com anti-inflamatórios, antibióticos e, o tão recomendado, repouso.
Para saber se e o quanto a doença afetou a fertilidade, recomenda-se que, depois de seis meses de curado, o paciente procure um médico para fazer exames que conferem a taxa de produção de espermatozoides. “Dependendo do resultado, ele poderá gerar filhos naturalmente. Já se houver redução no número ou na qualidade dos espermas, deverá contar com a eficiência das técnicas de reprodução assistida”, diz Borges.
Vacina
A melhor forma de se prevenir é a imunização. A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, faz parte do Calendário Nacional de Vacinação e está disponível em postos de saúde para crianças a partir de um ano. Quem não tomou as duas doses quando criança pode procurar um posto e se imunizar independente da idade. Clínicas particulares também oferecem a proteção.
De acordo com a Dra. Rosana, a vacina protege 85% e por ser do tipo vírus vivo atenuado, pode causar algumas reações como dor no corpo e febre, a partir do terceiro dia.