Marcionilia Nunes de Lima tem 59 anos e mora no centro de São Paulo, como a filha e o neto. O pequeno João Gabriel nasceu em 6 de maio e ainda não viu um pediatra desde que foi para casa.
“No fim de julho minha filha foi com ele ao posto dar vacina e marcar consulta, mas não havia vaga e disseram só para esperar. Ela mesmo tenta há um ano passar no oftalmologista e nada.”
Como a família de Marcionilia, milhares de paulistanos estão na fila por atendimento nas unidades de saúde – em grande parte porque faltam médicos.
Mesmo se cumprir o Programa de Metas, que prevê “implantar novas equipes de Atenção Básica com 700 profissionais médicos”, o município não vai solucionar nem um terço do deficit.
Atualmente, faltam 2.360 médicos em 54 especialidades na rede pública da capital. Os dados são da prefeitura e foram obtidos pelo Metro Jornal via Lei de Acesso à Informação.
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A área que mais necessita reforço é a clínica médica, que precisa de mais 439 profissionais, seguida pela tocoginecologia, com deficit de 247 (veja abaixo).
A lista das dez áreas mais desfalcadas ainda tem neonatologia, ortopedia, cirurgia geral e pediatria.
São Paulo tem hoje 12.682 médicos, ou 251 a mais do que em dezembro de 2016. Nesse ritmo, o deficit atual só será corrigido em 2022.
Conselheira municipal da Saúde, Selma Maria Silva dos Santos afirmou que reclamações sobre a falta de médicos chegam diariamente.
“Uma UBS (são 453 na cidade) deve ter clínico-geral, ginecologista e pediatra, isso é o mínimo. Algumas unidades têm até especialidades, como ortopedia, mas em outras falta o básico e não tem o clínico-geral”.
Segundo a conselheira, a queixa é generalizada, mas a carência de médicos é ainda maior nos postos dos extremos sul e leste da capital.
Secretário diz que deficit é menor e que vai contratar
Secretário da Saúde da prefeitura, Wilson Pollara afirmou ao Metro Jornal que o deficit de 2,3 mil médicos é “um dimensionamento antigo” e que o número atual é de 810 profissionais.
Os dados em que a reportagem se baseou foram fornecidos pela própria prefeitura a partir de pedido via Lei de Acesso à Informação, enviado em 5 de julho e respondido no dia 3 deste mês.
Segundo Pollara, em três anos, o município perdeu 17% dos seus médicos e o quadro começará ser reposto com a convocação, até o fim do ano, de 647 profissionais aprovados em concurso. “Já temos autorização para abrir outro, para 1.090 vagas.”
O secretário afirmou que o prejuízo no atendimento é causado por médicos contratados que faltam ao serviço, não por não ter médicos. “O deficit é pontual. Fazemos compensa&cced