Em delação premiada na Procuradoria-Geral da República, o ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) revelou que recebeu na prisão em 22 de abril a visita do senador Cidinho dos Santos (PR). Segundo Silval, que gravou a conversa, o senador teria dito que o governador Pedro Taques (PSDB), o senador Wellington Fagundes (PR) e o ministro Blairo Maggi (Agricultura) poderiam agir para barrar a Operação Ararath - investigação sobre corrupção, desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro que levou Silval à prisão.
As informações sobre a delação de Silval foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, nesta quinta-feira, 24. A emissora divulgou vídeos entregues por Silval aos investigadores.
As imagens mostram o pagamento de propinas - em dinheiro vivo - a um grupo de políticos em uma sala do Palácio do Governo de Mato Grosso, na época em que o peemedebista ocupava a chefia do Executivo (2010/2014).
Paletó de dinheiro
As gravações foram feitas pelo então chefe de gabinete de Silval no governo, Silvio César. Nelas, o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB) aparece enfiando os maços de notas nos bolsos do paletó. Uma parte foi ao chão e ele, lépido, agacha-se para juntar as cédulas espalhadas.
O vídeo revela, ainda, o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP), contemplado com uma caixa de papelão cheia de dinheiro, o então deputado estadual Hermínio Barreto (PR) enfiando os maços na mala, a atual prefeita de Juara (MT), Luciane Bezerra (PSB) estufando a bolsa, e o ex-deputado estadual Alexandre César (PT) que saiu com a mochila pesada.
Silval Barbosa disse à Procuradoria que o senador Cidinho, na visita ao Centro de Custódia de Cuiabá - onde o ex-governador permaneceu por mais de dois anos - queria convencê-lo a não delatar o esquema de corrupção no Estado. Cidinho, ainda de acordo com o ex-governador, afirmou que seu grupo político estaria "trabalhando" no Tribunal Regional Federal para esvaziar a Operação Ararath.
O ex-governador contou à Procuradoria-Geral da República que disse ao senador que estava disposto a confessar seus crimes e pagar fiança para sair da prisão. Segundo o delator, foi nesse momento que Cidinho comentou que o ministro Blairo Maggi, o senador Wellington Fagundes e o "número 1 PTX" - referência ao governador Pedro Taques - o ajudariam e já estariam até agindo no âmbito do Judiciário.
Silval disse que resolveu gravar visitas de antigos aliados depois que a imprensa passou a informar que ele pretendia fazer delação premiada.
Defesas
A GCOM - Secretaria do Gabinete de Comunicação do Governo do Estado de Mato Grosso, afirma, em nota: "O governador Pedro Taques vem a público reiterar que não tem nenhuma relação com os fatos noticiados pela imprensa acerca da delação do ex-governador Silval Barbosa. Pedro Taques reafirma que foi e é adversário político do grupo do ex-governador, não fez nem autorizou ninguém a fazer acordo de qualquer natureza com Silval Barbosa, e atribui a citação do seu nome na delação como uma tentativa rasteira e desonesta dos seus inimigos, movida por vingança, de envolvê-lo nesse escândalo monstruoso que envergonha Mato Grosso perante a Nação.
Pedro Taques afirma, ainda, que a atuação dos órgãos de controle do Governo do Estado (como CGE e PGE) - desde 01 de janeiro de 20