Toda primeira segunda-feira do mês, a Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, se transforma no palco de poetas. No centro de uma roda, diversas pessoas se reúnem para escutar as “poesias faladas” do Slam Resistência.
Pela definição do dicionário, a palavra escrita em inglês significa “batida”, na tradução em português. E a definição de “slam” é exatamente essa: uma batalha de poesias faladas. O objetivo desses encontros é expor as poesias, em um formato de competição, e ser ouvido pela plateia, que escuta atenta a cada frase dita. Em seguida, jurados escolhidos aleatoriamente dão notas de 0 a 10. O campeão ou campeão da noite recebe o prêmio do dia, que pode ser, por exemplo, uma pilha de livros.
As regras são simples, as poesias devem ser próprias e declaradas em até três minutos – mas ninguém vai interromper os artistas, eles serão informados que ultrapassaram o tempo com um simples aceno – e claro, o texto não pode ofender ninguém.
Vídeo com a poesia de Mariana Felix já passa de 300 mil visualizações
O primeiro ato é o “microfone aberto”, na qual qualquer pessoa pode chegar e se expressar, seja dançando, cantando ou lendo um texto, poema, poesia. Depois, os nomes dos poetas são sorteados e, um a um, eles se apresentam. É hora do show!
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No caso do Slam Resistência, o próprio nome já diz tudo, são temas atuais que expõem a realidade de quem resiste: é a jovem negra que cresceu ouvindo críticas ao seu cabelo, é o jovem que denuncia a repressão policial ou o desabafo de um menino que deu a volta por cima após uma infância vivida sem o pai.
Inclusive, a origem do grupo vem das manifestações de junho de 2013 em São Paulo – que também se espalharam pelo Brasil.
“Foi uma ideia que surgiu das reuniões que ocorriam nesta praça, chamadas de quintas-feiras da resistência, onde advogados ativistas e grupos de movimentos sociais se reuniam para debater a movimentação das manifestações”, explica um dos organizadores do grupo, Charles de Jesus.
Desde então, o Slam Resistência vem crescendo, com cada vez mais pessoas na Praça Roosevelt. Só em março deste ano, cerca de 600 a 700 pessoas assistiram à batalha. Segundo o grupo, esse foi um dos encontros com mais público.
Fotos: Slam pelo Brasil - artistas batalham por meio da poesia
Charles atribui o sucesso ao Facebook. “Existem vários grupos de slam em São Paulo e em outros Estados, mas os vídeos das poesias trouxeram algo que deu 'o boom'. Gerou um debate”, conclui.
Para Banks, outro organizador do Slam Resistência, o esporte é um canal de expressão. “É uma evolução cultural que está acontecendo silenciosamente”, explica. “O objetivo é encantar e fazer com que as pessoas reflitam”, compl