Dor de cabeça, inchaço, irritabilidade e cólica — muita cólica. Toda mulher sabe o quanto irrita quando esses sintomas começam a aparecer com a aproximação do período menstrual. Mas, e se uma fórmula mágica prometesse resolver tudo isso, inibir a menstruação e, de quebra, ainda desse uma melhorada na pele, diminuísse a gordura corporal e facilitasse o ganho de massa magra? Pois bem, essa é a proposta do “chip da beleza”, nome como é conhecido um novo implante hormonal com derivados de testosterona que vem sendo utilizado e recomendado por muitas celebridades, principalmente as ligadas ao universo fitness.
Implantado sob a pele em um procedimento simples, com anestesia local, o método contraceptivo – que se parece um tubinho – pode durar de seis meses a um ano.
Nele, seis tipos de hormônios podem ser combinados: alguns derivados da testosterona, a responsável por garantir os efeitos estéticos. Se necessário, mais de um tubinho pode ser colocado em uma mesma aplicação. Mas, a modernidade tem seu preço: o procedimento custa, em média, R$ 3 mil.
De acordo com o ginecologista Malcolm Montgomery, vários fatores precisam ser levados em consideração para adequar a dosagem que a paciente necessita: idade, índice de massa corporal, se fuma, pratica atividades físicas e, assim como no tratamento com pílulas, o histórico de doenças cardiovasculares.
Uma de suas pacientes é a advogada Marjorie Dávila, 31 anos, que aderiu ao “chip” em 2015. Depois de três tentativas frustradas de se adaptar à pílula comum, ela recorreu à internet para pesquisar sobre um método alternativo.
A praticidade, a promessa de alívio dos sintomas pré-menstruais e a ausência de efeitos colaterais eram justamente o que ela buscava. “Cólica, dor de cabeça, muita ansiedade. Tudo era muito intenso. Com o implante, você realmente começa a ter uma vida mais normal.”
Em relação aos efeitos estéticos, Marjorie diz que a diferença é notável, mas acredita que a prática de exercícios físicos seja a verdadeira responsável pela melhora na aparência.
Mágica não é regulamentada
Apesar da fórmula aparentemente milagrosa, especialistas alertam: o medicamento não tem aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A ginecologista Marisa Patriarca, membro da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), ressalta que não existem estudos com força de evidência que atestem a segurança do uso do medicamento. “São necessários vários testes para comprovar os benefícios da medicação. Isso leva meses, até anos e custa milhões. Não dá para afirmar os efeitos colaterais de forma segura, sejam eles positivos ou negativos. Quer ficar bombada, com menos gordura e mais massa magra a qual custo?”
Segundo a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), que condena o tratamento para fins puramente estéticos, o uso indiscriminado de anticoncepcionais coloca o paciente em risco devido ao excesso de hormônios. Os derivados de testosterona, em quantidade excessiva, podem ter efeito anabolizante. Os efeitos colaterais vão dos mais simples, como o aumento da oleosidade da pele, surgimento de acne, crescimento de pelos e queda de cabelo, até os mais graves, c