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Lula se mantém em alta, mas volta à Presidência parece fora de alcance

27/08/2017 00:00

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Milhares de pessoas têm se encontrado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante sua turnê de ônibus por Estados do Nordeste, região onde o petista nasceu e continua tendo mais apoio.

Trabalhadores rurais cujas vidas melhoraram dramaticamente graças aos programas sociais de Lula cercaram seu ônibus em cada parada para saudar o ex-líder sindicalista e filho de mãe analfabeta. Alguns, chorando, se esticavam para tocá-lo como se ele fosse um semideus.

A turnê de três semanas é o lançamento informal de uma possível campanha à eleição presidencial do ano que vem. A crise econômica prolongada e os escândalos de corrupção que engolfaram o presidente Michel Temer (PMDB) e grande parte da classe política do Brasil, inclusive Lula, ressuscitaram as esperanças do ainda popular veterano político de voltar ao poder.

Corrupção e lavagem de dinheiro


Mas embora o apoio a um retorno de Lula continue forte - como mostram pesquisas de intenção de votos - graças à nostalgia da fase de ouro da economia brasileira em seu governo, impulsionada pelo boom das commodities, o índice de rejeição do polêmico líder parece alto demais para ele vencer, disse Mauro Paulino, diretor do Datafolha.

E existe um obstáculo ainda mais sério. Lula enfrenta a probabilidade de ser impedido de concorrer se a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro decretada pelo juiz federal Sérgio Moro no mês passado for confirmada por uma instância superior.

Em  entrevista exclusiva à agência de notícias Reuters, Lula admitiu que o PT precisa estar preparado para apresentar outro candidato, uma perspectiva que agrada os investidores que veem a corrida de 2018 sem ele melhorando as chances de o Brasil se ater à austeridade fiscal postulada por Temer. "Obviamente, se você vai olhar o quadro político pela fotografia de hoje, eu sou a figura mais importante para a campanha política. Mas a gente tem que tomar em conta que acontecem coisas na política que a gente não controla. Eu tenho um processo judicial", disse Lula, referindo-se à condenação que pode levá-lo à prisão.

Vácuo político


Pela lei brasileira, um político fica impedido de exercer cargos públicos durante ao menos oito anos se for condenado por um crime e a sentença for mantida por uma corte superior. Lula enfrenta outros cinco processos por acusações de corrupção, mas é provável que só a condenação de julho seja analisada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região antes da eleição de outubro que vem.

Embora exista alguma discordância entre especialistas jurídicos, o consenso é que, se o veredicto for mantido por uma instância superior depois de ele concorrer e possivelmente vencer a eleição, Lula desfrutaria de imunidade enquanto permanecesse na Presidência.

Uma pesquisa Datafolha feita no final de junho mostrou Lula com 30% das intenções de voto no primeiro turno, o dobro de seus concorrentes mais próximos. Mas em um provável segundo turno, a mesma sondagem mostrou Lula empatado com sua ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede), candidata presidencial derrotada duas vezes.
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