Diagnosticada aos oito meses com paralisia nas pernas após um sangramento na medula, a pequena Ana Paula, hoje com três anos e nove meses, mudou a vida de seus pais, Fernanda Teixeira e Mario Alvitti. A manifestação do problema aconteceu de uma hora para outra. A criança foi dormir bem e acordou sem os movimentos no dia seguinte.
"No momento em que eu a tirei do berço, a Aninha não tinha mais o controle do corpo, do tronco, não conseguia ficar sentada e não mexia mais as perninhas. Até hoje não sabemos a causa do sangramento. É uma coisa muito rara, nada esperado”, conta a mãe.
Para ajudar a esposa nos novos cuidados com a filha, Mario largou a carreira nas Forças Armadas e se tornou autônomo na área de imóveis. Juntos, o casal criou a Fly Children, uma cadeira de rodas para crianças de um até quatro anos que fica no nível do chão. “Meu marido começou a pensar como poderia fazer, que tipo de material usar, como iria fixar a roda. Ele foi sozinho estudando isso até chegar nesse modelo de hoje”, completa Fernanda.
Todo o processo de pesquisa até o produto final durou um ano. Nesse meio tempo, o casal atingiu a marca de R$ 70 mil arrecadados com ajuda de amigos e apoiadores, o suficiente para dar continuidade na fabricação da cadeirinha. “Como a gente viu que isso ia agregar muito na vida da nossa filha, tivemos a ideia de fazermos e doarmos para as outras crianças. Resolvemos comercializar porque, a partir do momento que a gente vende uma quantidade, a gente consegue doar para crianças que não têm condições”, diz Fernanda. Até agosto de 2017, foram 25 cadeiras vendidas e 20 doadas.
Cadeirinha ajuda Leandro a se locomover
Auxílio no tratamento
A fisioterapeuta da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) Sabrina Bauleo acompanha o tratamento da Ana Paula desde o início. Ela conta que a Fly Children auxilia no tratamento das crianças com algum tipo de paralisia nas pernas e amplia os horizontes. “[A cadeira] Possibilita para essas crianças uma forma de deslocamento independente para ela conseguir interagir com outras crianças. É tão válido oferecer essa possibilidade de não precisar sempre de alguém fazendo por ela”, avalia.
Quem concorda com Sabrina é a confeiteira Anisabel Chaves, mãe do Pedro. “O ir e vir se tornou muito mais rápido para ele. A cadeirinha o possibilita explorar mais os ambientes, brincar com os amigos com mais agilidade na escola. Ele machucava muito os cotovelos ao se arrastar”, conta. O filho de Anisabel, hoje com dois anos, nasceu com uma má formação chamada mielomeningocele e também uma cifose, um desvio da coluna vertebral, que o impossibilita de andar. Ele não ficou com nenhuma sequela neurológica ou motora, mas tem hidrocefalia, que é um acúmulo de líquido na cavidade cerebral, e nasceu com os pés tortos congênitos.
Pedro tem mais facilidade para explorar a casa e brincar na escola (Foto: