O delator Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, afirmou ter recheado caixas de vinho com dinheiro para maquiar o pagamento de caixa dois à campanha à reeleição do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), em 2014. O empresário alega ter repassado R$ 12 milhões ao ex-diretor da Secretaria de Educação, Maurício Fanini, apontado por ele como operador do esquema.
Alvo da Operação Quadro Negro, que apura desvios na Secretaria de Educação do Paraná, o empreiteiro confessou crimes à Procuradoria-Geral da República e seu acordo de delação está pendente de homologação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o dono da Valor, Fanini era responsável por indicar os descontos que ele deveria dar em propostas no âmbito de licitações para construção e reformas de escolas com o fim de ganhar os contratos e realizar pagamento de propinas. Ele revelou, em acordo com a Procuradoria, que parte dos valores desviados abasteceu a campanha de Richa.
Entrega de propina
Em um primeiro momento, Eduardo disse ter entregue os valores dentro do prédio da Secretaria, aonde enfiava as cédulas em uma mochila que ficava ao lado do vaso sanitário do banheiro.
Segundo o delator, houve momento em que os integrantes do suposto esquema começaram a se preocupar ‘com essa sistemática de entrega’ dentro da pasta. “Então, decidimos utilizar caixas de vinho. Eu pegava uma caixa com doze garrafas, deixava apenas duas e preenchia o restante com dinheiro. Eu deixava duas garrafas para que fizessem barulho quando alguém as pegasse e não levantasse suspeitas. A colocação do dinheiro ocorria na própria sede da valor”.
“Esse esquema das caixas de vinho foi usado umas cinco ou seis vezes. A gente pegava as caixas e deixava na recepção do prédio do Fanini, na rua Quintino bocaiuva, perto da via rápida que vai para o bairro Bacacheri (rua dep. Joaquim José Pedrosa), bairro Cabral. Ele avisava o dia e o horário que era para deixar lá, por exemplo, quinta-feira, entre 13h00 e 13h30min, evitando que o dinheiro ficasse muito tempo no local. Daquela vez que o Gustavo me ajudou a colocar o dinheiro nas caixas de vinho ele também me acompanhou até o prédio do Fanini para a entrega”, relatou.
Os valores em caixa dois, segundo o delator, eram operacionalizados, não apenas por Fanini, mas também pelo secretário especial do Cerimonial e Relações Internacionais do Paraná, Ezequias Moreira Rodrigues, o primo de Richa, Luiz Abi Antoum e o Secretário chefe do gabinete do governador, Deonilson Roldo. "o Fanini comentou que o ex-deputado Eduardo Sciarra era o responsável pelo 'caixa um'".
Posicionamento de Beto Richa
Beto Richa divulgou uma nota em que condena as afirmações do delator. Leia na íntegra:
“O governador Beto Richa classifica as declarações do delator como afirmações mentirosas de um criminoso que busca amenizar a sua pena. Tais ilações sequer foram referendadas pela Justiça. E suas colocações são irresponsáveis e sem provas. O governador afirma que nunca teve qualquer contato com o senhor Eduardo Lopes de Souza e sequer fez ou pediu para alguém fazer qualquer solicitação a essa pessoa para a campanha eleitoral de 2014. Todas as doações eleitorais referentes à eleição de 2014 seguiram a legislação vigente e foram aprovadas pela Justi&cc