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Álbum clássico de Gil, Refavela completa 40 anos

07/09/2017 00:00

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Quando Bem Gil nasceu, o mundo mudava. A ditadura militar vivia seus dois últimos meses de existência. O pai dele já tinha lançado mais da metade da discografia, incluindo clássicos como Gilberto Gil (1968) Expresso 2222 (1972), a chamada Trilogia RE (Refazenda, de 1975, Refavela, de 1977, e Realce, de 1979), Doces Bárbaros, A Gente Precisa Ver o Luar (1981). E, filho de quem é, esteve mergulhado em turnês, ensaios. Viveu o palco, antes mesmo de saber que gostaria de estar nele.

Foi só aos 15 anos, em 2000, quando decidiu investigar a obra completa (até então) de Gilberto Gil. Com um catálogo de CDs relançados pela Warner nos anos 1990, passou a estudar a obra do pai. “Depois dessa experiência, decidi estudar violão. Até então não tinha um envolvimento proativo com a música. O Bem de 15 anos, hoje aos 31, é músico, tal qual o pai.

De uma geração que redescobre os discos de 1970 da música brasileira e os reabsorve, a partir de novas referências e um distanciamento histórico, Bem se viu rodeado por amigos fãs da obra do pai. Um deles, Thomas Harres, sugeriu a Bem a ideia de transpor Refazenda para o palco, em um projeto com a banda dele de afro-beat, Abayomy. O projeto não foi para frente, mas ficou na lembrança de Bem.

Assista Gil cantanto a música Refavela em 2010


Comemoração

Em 2017, o disco de Gil é o novo quarentão do pedaço. A celebração dos 40 anos de seu lançamento motivaram o filho de Gil a colocar a ideia em movimento. Chamou parceiros de diferentes projetos para formar a banda de apoio. Ao lado do guitarrista estão Nara Gil e Ana Cláudia Lomelino (vocais), Bruno Di Lullo (baixo), Thomas Harres e Domenico Lancellotti (bateria e percussão), Thiagô de Oliveira e Mateus Aleluia (sopros). Nas vozes, as participações especiais serão de Céu, Moreno Veloso, Maíra Freitas e do próprio Gilberto Gil.

Depois da apresentação do espetáculo Refavela 40 no Rio de Janeiro, no Circo Voador, na sexta-feira passada (1º), chega a São Paulo em dois formatos. No Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros, em três noites, nesta quinta (7), sexta, (8), e sábado (9), com ingressos esgotados.

No domingo (10), a apresentação será no Sesc Itaquera, com entrada gratuita e capacidade para 12 mil pessoas. “Recriar esse disco foi um processo bastante emotivo para todos nós”, conta Bem. “A experiência já vinha sendo muito intensa desde o início, quando começamos a trabalhar nesse projeto, ao buscar os arranjos, estudar o disco todo.”

Refavela, relançado pela Som Livre quase inteiramente com o mix de 1977 no qual o próprio Gilberto Gil participou, nasceu a partir da primeira visita do músico baiano ao continente africano. Naquele ano, Gil fora chamado para participar do Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, o Festac, em Lagos, na Nigéria. Encontrou lá, um cenário similar ao que via na Bahia e no Rio de Janeiro. Voltou com Refavela, um disco nascido ontem, mas que ainda dialoga com o hoje. 

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