Se 2016 foi um ano farto para o esporte olímpico brasileiro, 2017 começa com uma projeção bem mais modesta. Grande parte das confederações desmontou (total ou parcialmente) a estrutura oferecida aos atletas para a preparação para os Jogos Olímpicos do Rio.
Para ter uma ideia, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) revelou no fim de dezembro que o repasse para as confederações esportivas em 2017 ficará R$ 13 milhões abaixo do que foi dado no último ano. Em 2016, R$ 98 milhões foram divididos entre os comitês através dos recursos arrecadados pela loteria esportiva. Neste ano, serão R$ 85 milhões.
Em conversa com o Portal da Band por telefone, a medalhista de bronze nos Jogos de Atlanta 1996 e presidente da Atletas pelo Brasil, Ana Moser, comentou o desmanche de parte da estrutura do esporte olímpico nacional, como a demissão de técnicos estrangeiros e a diminuição de envio de brasileiros para competirem no exterior.
Para Ana Moser, o legado olímpico “não se concretizou”. “De uma maneira geral, o esporte vai sentir a falta de recursos. Alguns lugares mais, outros menos. Haverá uma adequação do volume. Não é um mar de rosas para 2017, mas também não é o pior dos cenários”, contou Ana Moser.
A medalhista olímpica também criticou a falta de investimento nas escolas para a promoção de atividades físicas e criação de futuros esportistas. Ela destacou o legado olímpico do Reino Unido, que sediou os Jogos de 2012. Segundo Ana Moser, Londres deu exemplo de como preparar uma geração para o futuro – no Rio, os britânicos ficaram abaixo apenas dos EUA no quadro de medalhas.
Veja a entrevista completa com a medalhista olímpica
Portal da Band – E o tal legado olímpico?
Ana Moser – Não se concretizou. Criou uma sensibilidade pelo tema durante os Jogos, mas pouca coisa evoluiu. Temos em andamento uma Lei Geral do Esporte (está no Senado), que incrementa uma série de questões que não estão previstas atualmente, como as definições das responsabilidades entre federações e Estado. Bom, isso é um legado, mas deveria ter andado antes dos Jogos. Esperamos que disso surja um legado de estrutura, com metas e estratégias, e que estabeleça resultados em prazos de cinco anos, dez anos.
Em 2016, tivemos um amplo investimento nos esportes olímpicos tanto por parte do Governo, como por parte de empresas privadas. E agora, em 2017, você acredita que o cofre se fechará?
Uma retração nos investimentos é inevitável, principalmente pelo recurso que foi colocado pelas empresas estatais nos Jogos do Rio. Também temos federações cortando o planejamento para os próximos anos. De uma maneira geral, o esporte vai sentir. Alguns lugares mais, outros menos. Haverá uma adequação do volume. Não é um mar de rosas para 2017, mas também não é o pior dos cenários. Por outro lado, nós da Atletas pelo Brasil estamos mediando com empresas patrocinadoras do esporte, pouco mais de 30, para continuar a ajudar na gestão e se tornar referência no comprimento das leis, a Lei Anticorrupção e a Lei Pelé, com regras do limite de mandatos, transparência e participaç&a