Voltando tarde do trabalho em São Paulo, Yahisbel Valles passava, sozinha e a pé, por uma rua escura e estava se sentindo insegura - o que é uma realidade constante para as mulheres. No entanto, naquele dia ela notou que uma outra garota estava fazendo o mesmo caminho e quis pedir para que elas fossem juntas, mas se deteve por vergonha. Chegando em casa, elas perceberam que moravam no mesmo prédio "nossa, se eu soubesse que você morava aqui eu te esperava! Ia te pedir pra você ir junto comigo mas achei que você ia me achar louca", foi o que a menina falou para ela. Depois desse dia trocaram telefone e combinaram de voltar juntas sempre que possível.
Yahisbel e a vizinha não são exceção, o medo de assédio e estupro passa pela cabeça de todas as mulheres que andam sozinhas nas ruas, principalmente à noite. Babi Souza, criadora do Movimento Vamos Juntas passou por uma situação semelhante: estava indo para casa, em Porto Alegre, quando teve que trocar de ônibus e, para isso, passar por um caminho escuro. Ela percebeu que ao chegar ao segundo ponto encontrou com outras mulheres que estavam no primeiro ônibus. “Será que elas teriam aceitado ir junto?”.
Babi refletiu que sempre temos a ideia de que a companhia de um homem nos trará segurança, mas na verdade podemos também encontrar tranquilidade na companhia de outra mulher. Por isso, ela resolveu incentivar mulheres a se enxergarem e se unirem. A partir daí ela decidiu compartilhar essa ideia e, com a ajuda de uma amiga postou uma imagem com uma frase em seu perfil no Facebook.
A ideia agradou tanto que em menos de três horas ela se sentiu impelida a criar uma página na rede social, devido à quantidade de curtidas e compartilhamentos. E o ritmo acelerado não parou por aí: em 24 horas cinco mil pessoas haviam "curtido" a iniciativa na web e em 48 horas eram mais de dez mil likes. Até hoje, a cada um minuto seis pessoas curtem a página “Vamos Juntas?”. Isso significa que em menos de dois meses mais de 209.500 usuários do Facebook já aprovaram a ideia de mulheres se unirem para se sentirem seguras.
Organicamente, as meninas começaram a enviar relatos de situações de medo em que sentiram conforto na presença de outras mulheres, e Babi começou então a compartilhar as histórias, que atualmente chegam aos montes – cerca de cem por dia.
“O que eu mais vejo de positivo é que em meio a uma rede social cheia de coisa negativa, muitas meninas dizem que têm mais esperança, maior crença na humanidade [após ler os relatos]”, conta Babi, que já se considera otimista e afirma ter ficado ainda mais esperançosa com todo esse retorno positivo: “me enxerguei como uma cidadã que pode fazer alguma coisa”.
Hoje, ela conta com a ajuda de mais três amigas voluntárias para dar conta da demanda do projeto, e a ideia é crescer ainda mais. Elas estão planejando um aplicativo que vai conectar as meninas à sua rede de amigas do Facebook para que elas possam se encontrar e voltar juntas.
Diferente do que já foi divulgado, a ideia do aplicativo não é conectar pessoas desconhecidas e sim apenas as mulheres que você já têm adicionadas em seu perfil do Facebook. A usuária teria ainda a opção de restringir ainda