O boicote declarado pelos sindicatos de transporte da Argentina a embarcações britânicas de carga em rejeição à "militarização" das Ilhas Malvinas será "letal" porque elas sofrerão até 12 horas de atraso em suas operações, disse nesta quinta-feira o líder do sindicato de trabalhadores portuários.
"É um boicote, não uma greve. Vamos trabalhar, mas vamos selecionar a carga para atrasar por 12 horas. O que fazemos a eles é letal, porque perdem a hora em outros portos e demoram vários dias para regressar", disse o chefe do Sindicato de Trabalhadores Marítimos Unidos (portuários), Enrique Suárez.
O protesto, organizado pela Confederação Argentina de Trabalhadores do Transporte (CATT), que reúne vários sindicatos do setor, prevê atrasar os cargueiros em "seis horas na entrada e seis horas na saída" nos portos da Argentina, disse Suárez em declarações à rádio Continental.
O líder sindical acrescentou que um dos objetivos do boicote é pressionar os armadores ingleses e forçá-los a "exigir do governo britânico que se sente para dialogar com as autoridades argentinas" pela disputa de soberania nas Malvinas, a quase 30 anos da guerra entre os dois países pela posse das ilhas.
A medida, segundo a CATT, inclui "qualquer navio de qualquer tipo e forma, que tenha bandeira britânica ou que seja propriedade de britânicos e esteja registrado sob uma bandeira de conveniência".
Em meio a uma escalada de acusações entre os dois países perto do 30º aniversário do conflito bélico, a Argentina denunciou na semana passada nas Nações Unidas uma "militarização" do Atlântico sul, depois que o Reino Unido enviou a esta região um moderno destróier.
A chancelaria argentina também exigiu na quarta-feira informação sobre a suposta presença de um submarino nuclear no Atlântico Sul e sustentou que a Grã-Bretanha aumenta a militarização com uma viagem às ilhas de deputados britânicos da comissão de Defesa prevista para março.
O dia 2 de abril de 2012 marca os 30 anos do conflito bélico que deixou 649 argentinos e 255 britânicos mortos e que teve fim 74 dias depois com a rendição da Argentina, então governada por uma ditadura militar.