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A maconha do bem

Canabidiol, substância encontrada na Cannabis sativa, apresenta ótimos resultados em tratamentos psiquiátricos

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Já não é de hoje que pesquisas com a maconha revelam resultados positivos no tratamento de doenças do sistema nervoso. Um dos estudos mais recentes, e comprovadamente bem-sucedidos, é de autoria da Dra. Irit Akirav, do laboratório da Universidade de Haifa, em Israel, que desenvolveu uma injeção de canabinoides, substâncias encontradas na erva Cannabis sativa, cujas folhas da mesma, chamadas popularmente de maconha, são usadas para o fumo, uma prática ilegal, de acordo com a legislação brasileira.

Os experimentos da pesquisadora consistiram na utilização de camundongos de laboratório, que foram induzidos ao estresse psicológico, físico e mecânico. Os roedores tiveram as mesmas reações dos humanos, como a ansiedade. Mas após a aplicação da dose feita à base de canabinoides, os sintomas desapareceram em um período que variou de duas a 24 horas.

O trabalho foi publicado na revista Neuropsychopharmacology e é mais uma prova de que a “maconha medicinal” pode ser utilizada no tratamento de diversos males que acometem o homem, como o Mal de Parkinson, estresse pós-traumático, entre outras.

No Brasil, pesquisas como essa são realizadas também com grande êxito. Na Universidade de São Paulo (USP), mais precisamente no campus de Ribeirão Preto, o Laboratório de Análises Toxicológicas da instituição, há anos, realiza experimentos com o canabidiol (CBD). Trabalhando diretamente nesses estudos, a Profª Drª Regina Queiroz explica que o mais importante é que as pessoas dissociem o fumo da maconha com o tratamento à base de um composto da Cannabis.

“O canabidiol que nós utilizamos vem da Alemanha, isolado e sintetizado, e não pode ter nenhum vestígio do Delta 9 THC (substância que causa o efeito alucinógeno do baseado), pois o mesmo causa farmacodependência. Para garantir a pureza do CBD, nós realizamos análises cromatográficas. A nossa pesquisa comprovou o enorme poder ansiolítico (tranquilizante) do canabidiol e que ele pode ser usado, por exemplo, no controle da ansiedade”, revelou.

A professora, que é supervisora do serviço de análises toxicológicas da universidade, é totalmente contrária ao fumo da maconha e à liberação do consumo da droga no País, por conta dos efeitos destrutivos causados ao sistema neurológico.

“A maconha age nos receptores cerebrais deformando-os. O uso contínuo pode, por exemplo,  causar esquizofrenia, em pessoas que nunca haviam apresentado os sintomas da doença antes, e psicose”, disse.

A pesquisadora demonstra, também, grande preocupação com a maconha que se encontra em circulação no Brasil, que são aditivadas pelos traficantes.

“O baseado nada mais é do que um preparado da Cannabis sativa, encontrado nas folhas da planta, e que contém 5% de Delta 9 THC (Tetraidrocanabinol). Atualmente, em análises feitas no laboratório, tenho me deparado com uma maconha mais fortificada. O que acontece é que, quando oxidada, a droga fica impossibilitada de ser vendida. Para prolongar sua utilidade, os criminosos utilizam óleo de haxixe (droga oito vezes mais potente que a maconha) para retardar a ação oxidante. E esse aditivo aumentou o poder destrutivo da erva, que, assim como a cocaína, a morfina e a heroína, compromete a resposta orgânica à depressão”, alertou Regina Queiroz, reforçando que o vício aumentou os casos de síndrome do pânico em homens, distúrbio que, no passado, era mais comum de ser diagnosticado nas mulheres.

Para um futuro não muito distante, ela espera que remédios à base de Cannabis sativa sejam regulamentados.

“O efeito ansiolítico do canabidiol já foi comprovado. Alguns voluntários chegaram a receber dosagens de remédios à base da substância, no Hospital das Clínicas (HC), de São Paulo, com resultados bastante satisfatórios. O efeito é muito promissor e pode abrir a possibilidade de serem fabricados medicamentos mais eficazes, pois a maioria dos fármacos utilizados em tratamentos psiquiátricos não é seletiva. O problema são as reações adversas. Você resolve o problema de um lado, mas pode comprometer uma outra área do corpo”, concluiu.

Em outros países, diversas pesquisas com o CBD, extraído da planta da maconha, apresentaram ação positiva no tratamento de doenças como esclerose múltipla, epilepsia, artrite, câncer, entre outras.