Mais cedo ou mais tarde, a ficha cai. Por mais desapegado e antimaterialista que você seja, em algum momento percebe que terá que dar um jeito na tua vida. E isso significa dinheiro. Significa não ter mais tempo para jogar aquele videogame que você ainda mal tirou da embalagem, ou estar esgotado demais até para dar a sua mulher o que ela precisa. Chegando a esta conclusão, em pouco tempo você percebe que não há como fugir: você vai ter que suar a camisa para chegar lá.
Sabemos que a escalada não é nada fácil, e sustentar um cargo novo sem dúvidas é um momento cheio de incertezas e aprendizado. Para te dar uma mão nessa empreitada, conversamos com Guilherme Lang Dias Rego, executivo com mais de 20 anos de experiência em posições Gerenciais, de Diretoria e Presidência em empresas multinacionais de Serviço, Tecnologia e Telecomunicações no Brasil e no exterior. Veja só as dicas que conseguimos.
AMBIÇÃO NÃO É TUDO
Não existe estatística séria sobre o assunto, mas apesar de “subir na carreira” ser a ambição de muitos profissionais, não é raro que aconteça uma certa decepção com os primeiros cargos de gestão, onde os desafios mudam radicalmente e temos que aprender rapidamente a gerir pessoas, o que, convenhamos, não é tarefa fácil. O maior problema é que gestão de pessoas só se aprende, de verdade, na prática. Desta forma, mesmo utilizando as melhores práticas e algumas técnicas conhecidas, o estilo de cada um precisa ser moldado de acordo com o dia a dia de sua vivência.
PRÓ-ATIVIDADE
O equívoco mais comum é que o indivíduo continue fazendo as mesmas coisas que fazia antes da promoção. Além desse, alguns outros deslizes são:
- não conseguir ser validado como líder pelos antigos pares, agora liderados;
- não ter o traquejo necessário para gerenciar pessoas e tratá-las mal;
- não buscar ajuda com os colegas e superiores acima para se desenvolver na nova função.
ADEUS MOLEZA!
Não tem segredo, se você não está satisfeito onde está e quer não só a grana, mas também um trabalho que seja mais a sua cara, você vai ter que ralar! Seja o melhor no que está fazendo. Seja o “alpinista” do seu departamento. Os “alpinistas” são minoria absoluta na empresa - de 3% a 5% - e são os que vão realmente longe. Eles são motivados, em busca constante de desafios, não se conformam com a mediocridade, aprendem e se desenvolvem com a frustração (alto quociente de adversidade), se atualizam de acordo com as exigências do mercado e buscam novas alternativas para alcançar seus objetivos. Uma vez “alpinista”, as promoções virão. E se não vierem, talvez seja hora de buscar melhores montanhas para escalar.
SERÁ QUE EU TO PREPARADO?
Segundo Rego, ninguém está totalmente preparado. No entanto, é justamente o gosto pelo desafio que nos motiva a assumí-los e superá-los. Obviamente, se a empresa contar com um tempo de preparação para a posição, a transição será mais gradativa. Algumas empresas são boas nisso, possuem planos de sucessão e planos de carreira que são levados à sério - o que facilita bastante essa tarefa. Porém, a grande maioria das promoções acontece rapidamente, por uma necessidade latente da empresa.
COMPETIÇÃO
A competição entre os funcionários pode ser, de certa forma, saudável, desde que não ultrapasse os limites da ética e do bom senso. A remuneração pela conquista de méritos (meritocracia) tende a evitar a competição desleal por não levar em conta apenas o desempenho individual. Entretanto, este sistema não é livre de concorrência, portanto somente foco e persistência nem sempre são suficientes para garantir sua stairway to heaven. Quem não confere “naturalmente” os retrovisores do carro ainda não está pronto para dirigir.
Existem muitos gestores que fazem a gestão por conflitos, gerando uma forte competição (muitas vezes não-saudável), e colocando os colaboradores em situações desconfortáveis e de insegurança, acreditando que assim irão alavancar os resultados - cuja duração se torna duvidosa.
O QUE A EMPRESA ESPERA DE VOCÊ?
Tudo. Essa questão equivale a perguntar aos noivos o que eles esperam de seu casamento no dia em que ele está acontecendo. No mundo corporativo, a empresa espera minimamente que ele consiga provar na prática que é tudo aquilo que está em seu currículo e que relatou na entrevista. É claro que quando a companhia oferece os treinamentos necessários para completar o perfil do funcionário recém-contratado, são realizados testes de aprendizagem antes de se exigir resultados dele. E que sejam felizes para sempre.