Quando o consumo de álcool era proibido, uma alternativa popular salvava as comemorações: o Moonshine -- que nada mais era que uma produção caseira para burlar a lei. Hoje em dia, em muitos países europeus, as pessoas compram tabaco e montam seus próprios cigarros para evitar os preços ridiculamente altos dos industrializados. No Brasil, os fumantes já verão a carga tributária sobre o produto subir de 62% para 70%, e agora a cervejinha também vai ajudar a “pagar o pato”.
Mas que pato é esse? Para ampliar a base de cáculo de taxas como PIS e Cofins, além do IPI, até 2015, haverá reajustes anuais de 6.25% no preço da cervejas, os quais entrarão em vigor a cada dia 1º de outubro. O governo decidiu aplicar a medida para compensar o pacote de incentivo à indústria anunciado por Guido Mantega, Ministro da Fazenda -- este ano, ele irá representar uma renúncia fiscal na casa dos R$ 27 bilhões, de acordo com a revista Istoé Dinheiro.
No entanto, a grande pergunta que ainda paira no ar é por que onerar mais produtos consumidos por muitos, como a tradicional cerveja, enquanto outros setores que servem a poucos, desfrutam de condições especiais -- o caso da indústria automotiva, por exemplo. Segundo o presidente da Abrasel São Paulo, Joaquim Saraiva de Almeida, “isso não nos agrada, já que o consumidor, que é nosso cliente, irá comprar menos”. Diante dessa expectativa, grandes fabricantes de bebidas anunciaram cortes de R$ 7.9 bilhões nos investimentos voltados à ampliação da produção nos próximos anos.
“Nossa esperança é que até outubro o governo consiga rever os números para menos da metade do que vem sendo proposto”, sugere Almeida. Em sua opinião, “as pessoas já sentem a inflação no preço das bebidas”, não havendo necessidade de mais tributação. E aí, a cerveja já está pesando no seu bolso?