Não é questão de fazer propaganda negativa, pois cada um sabe o que bem faz da vida. Nem depreciar a imagem de uma empresa. Como estamos nos comunicando com um público macho (é o que nós acreditamos), um questionamento se faz necessário quando falamos da badalada grife Abercrombie, desde o século XIX no mercado, mas que, de uns tempos pra cá, é uma febre entre adolescentes, jovens adultos e gente que não se toca que a idade já chegou, mas banca o garotão.

Como um homem pode usar uma roupa com uma estampa ou bordado de um alce chifrudo que mais parece um veado? Como é que alguém que vive questionando a masculinidade dos torcedores do São Paulo, ao associá-los com bambis, pode ter moral para fazer tal chacota se tem roupas com bichinhos com chifres no armário? 

Machos de plantão, por favor, parem para pensar. Não pega bem. A primeira vez que vi um acessório desta marca fiquei chocado. Um amigo que acabava de voltar de Nova York decidiu mostrar suas aquisições de vestuário. E o engraçado é que a pessoa em questão, cuja identidade jamais será revelada, é o típico “parece, mas não é”. Quando vi o casaco marrom com o “primo do veado” bordado em branco no lado esquerdo do peito, eu pirei. 

“Você já tem fama e ainda faz esforço para reforçá-la”, eu disse. 

O arrependimento bateu na hora. Não da minha parte, mas da dele. E por conta desta experiência desagradável fui apresentado ao mundinho Abercrombie. Realmente, não estava me dando conta da coqueluche que crescia à minha volta. De uma hora para outra, passei a ver os chifrezinhos por todos os cantos. Daí, acabei sabendo que outra unanimidade, a Hollister, a da marca da gaivotinha (mais macho impossível), pertence ao “império do alce”.