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9 Mitos sobre o protetor solar

Chega de sapecar! Dermatologista desvenda as lendas populares sobre a eficácia de produtos e como devemos ou não usá-los

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Seja para ir à praia ou até a esquina, às vezes a gente acha que não precisa usar o protetor solar antes de sair de casa. Ou que é preciso esperar um tempo antes do filtro fazer efeito – ou até que os fatores de proteção no fundo protegem do mesmo jeito! Mas será que tudo isso faz mesmo sentido quando se fala em proteger a sua pele de verdade? Veja a seguir nove mitos derrubados com exclusividade ao AreaH pela Dra. Michele Haikal, dermatologista especialista em medicina antienvelhecimento pela Univás, em Minas Gerais, pós-graduada em cirurgia dermatológica pelo Colégio e formada em dermatologia clínica, estética e cirúrgica pela faculdade de medicina da Universidade Harvard.

1) Em dias nublados não precisa passar filtro solar. Mito. Mesmo quando o dia estiver nublado, o uso do protetor solar não pode ser dispensado. “O sol está atrás das nuvens: apesar de elas diminuírem o índice ultravioleta, os raios ultrapassam sim estas nuvens”, garante a especialista.

2) O protetor corporal pode ser usado no rosto. Mito. Porque o protetor solar do rosto leva em consideração várias particularidades deste local. “O protetor solar do corpo costuma ter uma composição de base em creme, que é oleosa”, explica Dra. Michele. “Usar um protetor de corpo no rosto pode causar aumento da oleosidade da pele do rosto, cravos, acnes, e poros muito dilatados.” 

3) É necessário esperar 30 minutos para o protetor fazer efeito. Verdade. É uma indicação do consenso de foto proteção da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) passar o protetor solar de 15 a 30 minutos antes de se expor ao sol. “Porém, se o paciente tem a vitamina D em níveis não ideais, é recomendável que este se submeta ao sol 20 minutos sem o protetor solar primeiro”, conta a dermatologista. “É claro que isto salvo os casos dos pacientes que estão em uso de ácidos ou tratamento com alguns tipos de laser, quando não devem de maneira alguma se expor ao sol, devido ao risco de manchar a pele.”

4) Protetores com base ou tonalizantes não fazem diferença. Mito. Na verdade eles são mesmo mais eficazes, porque combinam filtros químicos a filtros físicos, segundo a especialista. “Os filtros brancos são os únicos que refletem totalmente todos os raios solares. Diferente dos filtros químicos, que não pegam todos os raios – como a luz visível e o infravermelho – os filtros físicos podem se apresentar com cor, como base, ou então micronizados; e por isso é melhor tolerado pelos pacientes”, comenta Dra. Michele. Outra desvantagem dos filtros químicos é que eles promovem uma reação química entre a pele e os raios solares, produzindo substâncias que nem sempre são bem-vindas ao organismo. Já os filtros físicos só ficam nas camadas muito superficiais da pele: não penetram e não vão para dentro do organismo. “Eles funcionam como um espelho que reflete todos os raios solares, como uma capa protetora, um campo de força, um escudo protetor”, esclarece a dermatologista. 

5) O bronzeado dura mais se a exposição for gradual. Sim, se você estiver focando só no bronzeado, ele dura mais quando a exposição é gradual e nos horários melhores de sol. “Mas isso é o ideal? Isso é bom? Não”, alerta Dra. Michele. São aqueles raios dos horários que eram considerados bons de se tomar sol (os raios UVA), que fazem o bronzeado ser mais duradouro. “Mas este raio é o mais associado ao câncer de pele melanoma, que é o pior deles, o mais letal dos cânceres de pele”, salienta a especialista. Para manter um bronzeado por mais tempo e sem risco, ela recomenda o uso de estimuladores do bronzeado, como o betacaroteno. “Eles vão proteger a pele do câncer através do estímulo de produção de melanina, em vez de precisar se expor a estes raios mais nocivos.” 

6) Os protetores com FPS 30 ou mais são os mais seguros. Verdade. Os produtos abaixo disto não protegem totalmente; já os muito acima contêm química demais para a pele. Então qual a função de existirem FPS maiores? “Justamente devido ao fator espalhabilidade. O FDA recomenda que deve-se espalhar o protetor de maneira a ficar 2 mg/cm2 do produto na pele”, observa Dra. Michele sobre a recomendação do órgão que regula fármacos e alimentos nos Estados Unidos. “Como muitas vezes o protetor é espalhado em demasia, isto abaixa o fator de proteção. Para quem espalha muito o protetor, o ideal seria um FPS um pouco mais alto.” 

7) Não é preciso aplicar protetor solar nas orelhas e nas axilas. Mais ou menos. Nas axilas é rara a exposição solar. Já nas orelhas é importante sim. “É um local onde pode haver cânceres de pele e não se pode descuidar delas”, destaca Dra. Michele. 

8) Uma pele bem hidratada ou autobronzeada sofre em menor intensidade os efeitos do sol. Depende. “Se o autobronzeamento for o permitido por lei, ou seja, aquele à base de dihidroxiacetona, sim, irá até proteger mais do sol”, comenta a especialista, “muito diferente das câmeras de bronzeamento, que até predispunham ao câncer de pele”. De acordo com a dermatologista, a pele bem hidratada trás vários benefícios. “Entretanto, infelizmente apenas a hidratação não protege do câncer de pele ou lesões pré-malignas que podem se formar com o sol.” 

9) Pele seca e pele oleosa podem receber o mesmo tipo de protetor. Mito. Cada pele tem sua indicação específica. Segundo Dra. Michele, as peles oleosas devem receber gel creme, fluido oil free, serum, loção oil free, airlicium, ou com sílica. “Já as peles secas se beneficiam mais com os BBcreams, cremes, loções hidratantes, fluidos hidratantes, cremes com vitamina E, com ácido hialurônico, com extrato de semente de uva, etc”, explica ela. “Peles com doenças autoimunes, principalmente as colagenosas, devem usar protetor solar que contenham o ativo que reverte o dano ao DNA celular.” 


Danilo Barba