Uma dúvida que sempre bate à porta quando marco um encontro na casa de alguém é se levo algo ou não. Na cordialidade, sempre compro um vinho bacana. Acho que é o mínimo que a gente pode oferecer para alguém que abre a casa pra gente, certo? Nada. Não parece tão certo assim pra muita gente.
Noutro dia um amigo me contou que tinha saído com uma guria incrível. Papo bom, fisicamente atraente, gente boníssima. Foram num restaurante modesto e tudo mais, primeiro encontro, eram conhecidos de empresa. Na hora da conta ela já avisa que não tinha levado a carteira. Tudo bem, ele aguentou a facada sozinho. No segundo encontro rolou a mesma coisa, nada de carteira. Ele não entendeu muito bem, até que um dia a moça disse que nunca levava carteira para os encontros. O tal do amigo nunca mais cruzou com ela no departamento em que trabalhavam. Boatos de que pediu transferência para não aguentar a sovina.
Assim como essa história, uma amiga contou que um rolo dela sempre ia jantar na casa dela e nunca levava um vinho ou se oferecia pra ajudar no jantar. Perguntava se tinha cerveja, bebia tudo da geladeira dela e nem fazia questão de lavar os pratos.
Ora bolas, qual o problema dessas pessoas que não percebem quão folgadas elas são? Não é apenas uma questão de educação, é falta de noção mesmo. Tanto a guria-que-nunca-levava-a-carteira quanto o bonitão-que-sentava-no-sofá-e-bebia-tudo são tipos que a gente vê aos montes por aí e não entendem que o princípio básico de um relacionamento (ainda mais no início) é aprender a dividir as coisas.
Quem não partilha da conta, empurra responsabilidades pro outro. Pode parecer pouco, mas não é, diz muito sobre alguém. Quem entra na sua casa sem nada te diz que vai entrar na sua vida sem nada. Quem não se preocupa em levantar a carteira também não vai se preocupar em levantar da cadeira quando você precisar de ajuda. Quem te obriga a cuidar de tudo sozinho não vai fazer questão nunca de fazer algo por você.
Não tem problema nenhum em pagar o jantar vez ou outra, seja você ou a outra pessoa. Mas é o cúmulo da falta de semancol quando se recusam a dividir a conta. Como se te dissessem que é sua obrigação pagar a conta por alguma razão obscura ou por pura comodidade. Gente folgada assim existe aos montes. Existe o cara que te pede o carro emprestado e devolve sem repor a gasolina, existe a guria que só sai pra jantar com você se você buscá-la em casa e pagar tudo, existe o folgado que vai te pedir dinheiro emprestado e sumir e todo tipo de gente cara de pau na vida.
Você vai topar com esse tipo em alguns primeiros encontros e vai dar pra perceber na cara que eles são furada. Cabe a você decidir se prefere gastar seu rico dinheirinho com você mesmo ou com alguém que nunca vai ter o mínimo de consideração pra perceber que deveria partilhar das coisas com você. Se escolher a segunda opção, acostume-se: é bem provável que ela (ou ele) não queira dividir também a vida com você.
Sobre Daniel Bovolento
Carioca residente em São Paulo, 22 anos, canalha romântico, acredita que a Summer não foi babaca e escreve sobre amor e outras drogas.
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