Na obra, publicada em 2008, Chuck Palahniuk aborda a indústria do sexo (sobre a qual voltaria a falar em 'Clímax', como você pode conferir aqui) ao contar a história de uma atriz de filmes pornôs empenhada em ter relações sexuais com 600 homens e estabelecer um novo recorde. A narrativa acontece sob as perspectivas de três candidatos, representados apenas pelos números 72, 137 e 600, que narram os bastidores de uma produção pornográfica, com direito a descrições detalhadas do making of. Como não poderia faltar, Palahniuk aproveita para inserir críticas inteligentes disfarçadas de humor e nos apresenta a personagens bem construídos, com profundidade e traumas reais. Para quem não resiste a esses elementos, é uma leitura que vale muito a pena.

Em 'Sobrevivente', o suicida Tender Branson sequestra um avião e pretende jogá-lo em algum lugar. Durante as horas seguintes, enquanto ainda resta combustível, Branson decide contar sua história para a caixa-preta da aeronave, na esperança de entendam as razões que o levarem a tomar essa medida desesperada. Com uma boa trama, recheada de bizarrices que não poderiam ter saído da mente de ninguém exceto Chuck Palahniuk, o autor novamente constrói uma narrativa repleta de críticas, sarcasmo inteligente e alfinetadas de sobra. Divertido, 'Sobrevivente' é uma típica obra de Palahniuk que fã algum pode deixar de ter na estante.

Para criar a história de 'Assombro', Chuck Palahniuk usa como inspiração a própria carreira como escritor: na trama, alguns aspirante a escritores, convidados por um anúncio bastante misterioso, vão para um retiro para artistas longe de suas famílias e empregos com a promessa de que, em apenas 3 meses, sairiam de lá com suas próprias obras primas em mãos. Os "escritores'', desgostosos de suas obras, decidem então criar uma história de superação na qual eles mesmos seriam os personagens. Para tal, eles transformam o retiro em um verdadeiro inferno, deixando de tomar banho, jejuando e até mesmo recorrendo ao canibalismo para chegarem ao sucesso. Palahniuk mais uma vez aborda um assunto sério por meios de suas passagens repletas de humor negro e todas as outras marcas registradas do autor.

"A filha de uma estrela de cinema narcisista e de um bilionário, Madison, é abandonada em uma escola interna na Suíça durante o Natal enquanto seus pais estão divulgando seus novos projetos e adotando mais órfãos. Ela morre de uma overdose de maconha – e a próxima coisa que sabe é que está no inferno". Se este pequeno trecho da sinopse de "Condenada" não despertar seu interesse por esse livro, nada mais irá. Junto de sua própria "gangue infernal" composta por outros adolescentes, Madison enfrenta diversos desafios para resolver o mistério de sua morte. Abordando o bullying e mais uma vez demonstrando domínio de seu estilo de escrita inconfundível, Palahniuk cria mais uma obra admirável.

'No Sufoco' é a história de um golpista que finge engasgar-se em restaurantes apenas para ser "resgatado" por estranhos, que após ouvirem sua triste história, o presenteiam com generosos cheques, com os quais o personagem custeia o tratamento da própria mãe, que sofre de Alzheimer. É nesse contexto, marcado pelos temas bizarros e absurdos recorrentes em suas obras, que Chuck Palahniuk nos apresenta Victor Mancini, o tal vigarista, que após encontrar um diário de sua mãe, descobre fatos desconhecidos de seu próprio passado perturbado que o levam em direção ao completo caos em sua vida. Aqui, o autor nos apresenta mais uma boa obra (longe de ser sua melhor, vale notar) contendo seus já característicos estilo de escrita, passagens perturbadoras e humor negro sagaz que o consagraram.