Estádio lotado, dia de clássico, um gol da vitória no último minuto. Afinal de contas, que homem nunca sonhou em ser um jogador de futebol? Isso sem falar nas altas cifras, nas mulheres fáceis, nos carros importados e verdadeiras mansões. Acontece que se você pensa que apenas as peneiras dos grandes clubes são a porta de entrada para este seleto mundo, está enganado.
Nos últimos anos os chamados clubes-empresa têm crescido espantosamente, graças ao investimento pesado em categorias de base e na venda de talentos ao mundo afora. Casos de Red Bull Brasil, Audax (ex-Pão de Açúcar), Olé Brasil, Grêmio Barueri, Desportivo Brasil e Ribeirão FC, ex-Votoraty. Saiba como fazer parte destes "novos grandes" da formação de craques.
Red Bull veio para revelar
"Nosso trabalho é hoje focado nos contatos e selecionamos jogadores através de relacionamentos, indicações das comissões técnicas e do própria equipe técnica do clube. As pessoas indicam, nós trazemos e avaliamos. O ideal é ter um trabalho próprio de prospecção de atletas, o que deve acontecer em um futuro próximo. Trabalhamos também com contratos curtos, ou seja, o menino mais velho que temos hoje na base é nascido em 1993", esclarece Carlos Andrade, diretor técnico das categorias de base do Red Bull Brasil.
E não pense que a camisa pesa quando esses pequenos enfrentam os grandes nas categorias de base. Em 2011 o Desportivo Brasil foi campeão do Paulista Sub-15 em cima do São Paulo (em 2007 e 2008, Pão de Açúcar e Barueri, respectivamente, já haviam sido vice, desbancando outros grandes). No Sub-17, Pão de Açúcar em 2008 e Olé Brasil em 2009 também já foram campeões estaduais, rompendo uma máxima de que apenas os grandes eram campeões na base. E muitas vezes estes jovens são vendidos para fora do país antes mesmo de completarem 20 anos.
Mas, não apenas nas categorias de base estes clubes estão brilhando. O caso mais famoso até hoje é do Grêmio Barueri, tendo uma ascensão meteórica desde a sexta divisão do Paulistão em 2002 até a divisão de elite em 2007 e obtendo o mesmo sucesso nacionalmente, quando em 2006 e 2008 conquistou os acessos nas séries C e B do Brasileirão, chegando à elite nacional. Quem hoje sonha em traçar este caminho de sucesso é o próprio Red Bull Brasil e o Audax, ambos em campanhas de sucesso na Série A2 do Paulistão.
Apesar de boa parte dos clubes-empresa serem uma ótima porta de entrada para as jovens promessas do futebol brasileiro, um clube se destaca: o Audax (antigo Pão de Açúcar). Presente em São Paulo e no Rio de Janeiro, o clube tem mesmo a clara meta de vender revelações para grandes e médios mercados internacionais, como Oriente Médio e Europa – mas, para tornar seus jovens mais atrativos, não poupa esforços, nem cifras nos investimentos (cerca de R$12 milhões anuais).
Além dos treinos e corpos técnicos para cada uma das categorias de base (Sub-14, Sub-17 e Sub-20), os jovens que entram ao clube recebem desde cedo aulas de inglês e bolsas integrais para faculdades particulares como PUC e Mackenzie. O curso quem escolhe é o próprio atleta. Bom aos jogadores e, claro, ao clube, que agrega valor a seu próprio "produto de exportação".
Audax: mais difícil que trainee
No Audax, a cada ano é montado um grupo de cerca de 70 jovens atletas em cada sede, que são selecionados em peneiras que chegam a ter cerca de 30 mil aspirantes a craque. Todos são escolhidos por técnicos profissionais de futebol, preparadores de goleiro, preparadores físicos, fisioterapeutas, fisiologista, médico e enfermeiros, todos formados nas melhores universidades do país. Depois disso, com o lugar conquistado, eles ganham mais um trunfo para poder repetir o caminho de grandes ídolos do futebol brasileiro. E a lista dos revelados pelo Audax é extensa, mas não faltam nomes de expressão, como o zagueiro Bruno Uvini (ex-São Paulo), o volante Paulinho (Corinthians) e o lateral Juninho (Palmeiras).
Um pequeno com estrutura de gigante
Instalado no interior paulista, outro clube que tem a mesma estrutura de primeiro nível para os jovens futebolístas é o Desportivo Brasil, clube-empresa da Traffic, do empresário J.Hawilla. a empresa oferece capacitação total a meninos de 13 a 20 anos. Este trabalho inclui treinamento técnico, aprimoramento físico, desenvolvimento educacional e psicológico para a formação de um jogador altamente qualificado e diferenciado.
"Com este trabalho vamos contribuir para a formação técnica e educacional de jovens atletas e oferecer condições para que eles se tornem diferenciados. Além disso, a capacitação destes meninos, de forma geral, dará a eles a oportunidade de um futuro mais promissor, ainda que não como um jogador profissional de futebol", afirma Felipe Lobo Faro, diretor de futebol do Grupo Traffic.
Não é nem preciso dizer que o investimento dá certo, afinal o talento brasileiro para o esporte da bola no pé não se encontra em qualquer canto. Ou seja, se você é jovem ou tiver um filho em uma boa idade para a peneira – menores de 14 anos principalmente – os clubes-empresa são excelentes opções para desenvolver o boleiro e o cidadão.