Apesar das mulheres atualmente ocuparem cargos e exercerem atividades antes voltadas somente aos homens, ainda são poucas as que arriscam e conseguem conquistar seu espaço na sociedade, principalmente no esporte.
Kyra Gracie é uma delas. Além ostentar o sobrenome da família que trouxe o Jiu-Jitsu para o país, a lutadora de apenas 27 anos é pentacampeã mundial, tri no Abu Dhabi Combat Club (ADCC), penta panamericana e hexa no campeonato brasileiro.”Como foi meu bisavô que criou o Brazilian Jiu-Jitsu, tenho certeza que isso influenciou a minha história no esporte”, confirma Gracie.
Com seu sorriso cativante, a ex-estudante de Direito não considera o Jiu-Jitsu um esporte só de macho, e salienta que o número de mulheres participantes vem crescendo a cada ano. “Essa é a única arte marcial que permite que um lutador mais fraco vença um mais forte, por trabalhar com alavancas, o que ajuda muito as mulheres”, explica a lutadora.
Filho de peixe, peixinho é. O bisavô da morena de corpo robusto criou o Jiu-Jitsu brasileiro e ensinou as técnicas a seus filhos, que mantiveram a tradição e repassaram os conhecimentos às gerações seguintes. “Aprendi diretamente da fonte”, garante ela.
Kyra dá a deixa para aqueles que curtem mulheres saradas e que não fogem de uma boa briga:“estou solteira”. No entanto, quem é que tem colhão para se meter com um dos Gracie? A penta campeã reconhece que “por ser uma atleta e ter uma rotina diferente, com muitos treinos e viagens, as vezes fica difícil conseguir um namorado e pelo fato de ser uma Gracie acho que intimida um pouco”.
A lutadora revela ainda que treina com homens para afiar sua preparação física antes das competições. Gracie, que adora praticar kitesurf, snowboard e ficar com família nas horas vagas, garante que os homens não gostam de perder para as mulheres, e que por isso “vão mais forte no treinamento”.
Para ela, a função do homem é proteger a mulher. Enquanto a mulher é o sexo frágil, o homem é o sexo “forte”: “Eles têm que cuidar da gente”. Seu último nrelacionamento sério durou quatro anos, com o ator canadense William Hope - que estrelou Poltergeist e Triple X.
O Jiu-Jitsu entrou na vida de Gracie naturalmente, já que todo mundo em sua família praticava. Aos 15 anos, a jovem lutadora, que estava na faixa azul, pediu a seu avô, Robson Gracie, que a increvesse no Campeonato Carioca na categoria pluma (até 50 kg). “Mas para minha surpresa, quando cheguei na competição,vi que meu avô havia me colocado na categoria Médio (19 kg acima do meu peso) e na absoluto (sem limite de peso). Como consegui ser campeã nas duas categorias, foi ali que comecei a levar o esporte mais a sério”, conta ela. Aos 16 anos, a atleta já era consagrada.
A carioca tem orgulho de ser um dos Gracie, e revela que quando está no tatame só pensa em finalizar a adversária. “A emoção é muito forte”, afirma. Para ela, o homem ideal forte e bonitão, mas tem que ter atitude e caráter, além de “ser carinhoso”.
No Jiu-Jitsu, as mesmas regras valem para ambos os sexos, exceto pelo uso de uma camiseta por baixo do kimono - além do top - concedido às mulheres. A esportista que só luta de unha pintada e trança no cabelo enfrentou seu primeiro desafio antes de por os pés no tatame. Para prosseguir com seu sonho, Kyra teve de “bater o pé” diante da família Gracie, que não concordava com seus treinos contra homens.
Para o futuro, Kyra Gracie pretende se dedicar mais ao Instituto Kapacidade e abrir uma academia de Jiu-jitsu. Embora ela já tenha realizado boa parte de seus desejos, ela quer continuar com o legado da minha família e poder ensinar as próximas gerações. “O Jiu-Jitsu e uma arte de defesa pessoal”, defende Gracie.