Mais do que a necessidade de ir e vir, o brasileiro é apaixonado por carros. Isso explica a invasão motorizada nas vias urbanas do país. E manter uma máquina dessas não é barato. Já pagamos mais caro por conta dos impostos e taxas na importação e manutenção dos veículos, além dos gastos com seguro, afinal, a cidade está cada vez mais perigosa. Sem contar o preço do combustível. Nesse vendaval todo que leva seu dinheiro embora, ainda existem itens indispensáveis para a segurança de um motorista que, por incrível que pareça, não estão incluídos no valor do seu patrimônio.
De acordo com o engenheiro mecânico Hélio da Fonseca Cardoso, diretor de relações com os associados do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo, esses opcionais que, na verdade, deveriam vir de fábrica, não são disponibilizados ao público pelo alto custo de produção para as montadoras. "Os compradores brasileiros valorizam mais acessórios estéticos do que os de segurança. Por exemplo, rodas de liga leve, aros com polegadas maiores…logo, como a procura por eles é grande, o resto é produzido em pequena escala pela baixa procura. O que é um erro, de fato", explica.
Aro gigante e pneu fininho
Prova disso é o gerente comercial Rafael Alencar, de 26 anos, que recentemente adquiriu um New Civic e já fez questão de personalizar com itens que não vieram no pacote. "Coloquei um pneu de perfil mais baixo, rebaixei as molas porque gosto de carros baixos e aumentei o aro da roda. Dá um visual muito mais elegante ao possante", justifica. Além das rodas, Rafael também é fã de som alto. Montou um kit musical que equivale a 9 mil reais, recheando o porta-malas. "É difícil roubar carro assim. Fica marcado. É fácil de achar", responde quando questionado sobre a atenção que o aparato chamaria. Cardoso comenta ainda que, de todos os opcionais, o menos indicado é o aro e o perfil mais baixo dos pneus. "Nossas ruas são todas esburacadas. Uma roda muito grande altera o velocímetro. E se o pneu for menos espesso, pode sofrer deformações, como bolhas laterais e causar acidentes", insiste.
Couro e conforto
Fator esse que garantiu o estofado de couro na cor caramelo do Kia Soul do estudante de publicidade Victor Serafim, de 24 anos. O jovem explicou sua preferência por itens que, além de bonitos e confortáveis, caem também no gosto das belezas que o acompanham. "Passei um envelope branco por fora do carro para proteger de riscos, no valor de R$ 800. Coloquei o couro que me custou R$ 1 1500. Não foi uma brincadeira barata, mas compensa. É o meu bibelô e sempre recebo elogios da mulherada", defende. Necessidades básicas automotivas
Hélio comenta que é normal essa procura por acessórios que embelezem o carro, mas alguns devem ser sempre prioridade. "Primeiramente, não podemos deixar o cinto com regulagem de altura de fora. Nesse time, entra o air bag, que só passa a ser obrigatório no carro desde a fábrica em 2014, além da direção hidráulica e as barras laterais para os passageiros não receberem o choque no caso de um acidente. Fora isso, podemos contar com o ar condicionado, que ajuda a limpar o vidro no caso de chuva e a refrescar o veículo, evitando deixar as janelas abertas e suscetíveis a assaltos", pontua o especialista.
Preço de revenda
O vendedor da loja AutoFast, da zona central da cidade, Fábio Barreto alerta que rechear o carro com opcionais não aumenta seu valor de mercado. "Para revender, poucos consideram isso. Não é uma coisa que, obrigatoriamente, torna o carro mais valioso. Esses opcionais variam de gosto e necessidades específicas de cada motorista. Tenho clientes que gostam do couro, do air bag, da roda de liga leve e outros que nem se preocupam com isso", explica.