Só dá Kuduro! Saiba o que Van Damme e a África têm a ver com o gênero musical que dominou baladas brasileiras e virou até tema de novela gplus
   

Só dá Kuduro!

Saiba o que Van Damme e a África têm a ver com o gênero musical que dominou baladas brasileiras e virou até tema de novela

Confira Também

Só porque você fisgou uma periguete na pista lotada ao som de “Danza Kuduro” ou já está de saco cheio da música de abertura da novela Avenida Brasil, da Rede Globo, não significa que sabe o que é o Kuduro. Muito além do clima carnavalesco que o ritmo trazido ao Brasil pelo cantor português Lucenzo inspira, tanto na versão do Latino quanto a edição comportada de Robson Moura e Lino Krizz, o Kuduro original tem cacife até para entrar em festival alternativo.

O gênero nasceu nos anos 80 em Luanda, África, enquanto os produtores musicais Tony Amando, Sibem e Ruca Van-Dunem misturavam percussões regionais com a soca caribenha. Ao chegar à Europa na década passada, o Kuduro já havia incorporado batidas do hip hop norte-americano, além das raízes do semba e do zouk. Ao contrário do “mexe com tudo”, os movimentos do Kuduro lembram bastante o Break e o Popping, embora a ideia geral seja valorizar a individualidade de quem dança, valendo até caras e bocas -- tudo muito teatral. Em kimbundu, um dos idiomas mais falados no país africano, a palavra kuduro significa “bunda parada”.

E o que o ator e entusiasta das artes marciais belga Jean-Claude Van Damme, 52, tem a ver com essa história de bunda parada? Bem, quando protagonizou Frank Dux em O Grande Dragão Branco (1987), Van Damme poderia até estar ciente que alguns de seus golpes pareceriam ridículos no futuro, mas com certeza não imaginava que sua atuação renderia uma nova maneira de dançar. Segundo Tony Amando, a cena em que Dux dança bêbado -- e com o corpo “travado” -- entre duas chinesas inspirou a dança, hoje parte da cultura popular na Angola.

Talvez a forma distorcida pela qual o gênero vem sendo consumido em terras tupiniquins seja mais um fogo de palha -- remontando modismos jurássicos como a lambada e a “dança da bundinha” -- porém o movimento que nasceu na África, não. Em 2012, o Kuduro teve lugar garantido até no 20ª Abril Pro Rock, um dos principais festivais de música alternativa realizado em Recife. A banda portuguesa Buraka Bom Sistema, que representou o estilo, subiu no palco e mostrou como o Kuduro é muito mais eletrônico, pesado e crítico do que querem que saibamos.