Não é só larica, risadas descontroladas e sensação de relax que a maconha proporciona. Muitos consideram a droga inofensiva e que um “pega” de vez em quando não é capaz de fazer mal. Engano seu! A maconha vicia e pode causar inúmeros problemas para a saúde. E um alerta: uma vez viciado, sempre viciado, segundo a psiquiatra do Instituto Bairral, Ana Clara Franco Floresi. “Quando estabelecido o diagnóstico de dependência química, o paciente não se livra mais do vício e necessita manter o tratamento por tempo indeterminado (em regime ambulatorial) para a prevenção de recaídas, mesmo após a alta da clínica de recuperação”.
Além de dependência e de funcionar como “porta de entrada” para outras substâncias, a psiquiatra listou os principais males que a maconha pode causar:
1 - Período inicial de euforia
Sensação de bem-estar e felicidade, seguido de relaxamento e sonolência
2 - Ansiedade
3 - Ataque de pânico
4 - Prejuízos da atenção e comprometimento de memória
Perda da definição de tempo e espaço: o tempo passa mais lentamente (um minuto pode parecer uma hora ou mais), e as distâncias são calculadas muito maiores do que realmente são.
5 - Redução da força muscular e perda de coordenação motora
O usuário fica com a sensação de que as extremidades de seu corpo estão pesadas.
6 - Delírios de cunho paranóide
7 - Alucinações auditivas
8 - Surtos psicóticos
9 - Problemas respiratórios e cardiovasculares
Em longo prazo, a extensão dos danos pode causar maior risco de desenvolver câncer de pulmão, diminuição das defesas, facilitando infecções, dor de garganta e tosse crônica e maior risco de isquemia cardíaca.
10 - Dor de cabeça acentuada
Depois do primeiro pega...
Após a primeira tragada, você pode sentir alguns efeitos característicos, como
hiperemia conjuntival (os olhos ficam ligeiramente avermelhados), boca seca, taquicardia associada a sensação de bem-estar, relaxamento, euforia, exacerbação dos sentidos (tato, olfato e paladar), aumento da acuidade a estímulos visuais, sensação de lenhificação do tempo e risos.
Vale lembrar que o efeito causado em casa pessoa é diferente e pode acontecer a famosa “bad trip” ou “bode”, que pode desencadear surtos psicóticos e evoluir para um quadro de esquizofrenia.
É possível identificar o dependente através das seguintes atitudes com relação à droga:
- Forte desejo ou compulsão para consumir a substância;
- Dificuldade em controlar o consumo da droga;
- Estado de abstinência (pessoas que ao ficar sem consumir a droga sentem alterações emocionais, mudança do padrão de apetite, perda de peso, desconforto físico e alteração do sono);
- Abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do uso da droga;
- Aumento de tempo gasto para obter, usar ou recuperar-se dos seus efeitos;
- Persistência no uso (mesmo sabendo das conseqüências nocivas).
Existe tratamento?
Segundo a Dra. Ana Clara existem várias modalidades de tratamento para quem faz uso das substâncias. “Em casos em que se estabelece um uso padrão de dependência e o tratamento ambulatorial (consultório) não tem êxito na interrupção do uso pode ser indicada a internação”, afirma a médica.
No Instituto Bairral de Psiquiatria (especializado em dependência química), o tratamento visa a indução da desintoxicação da droga, associada ao trabalho de conscientização, motivação e prevenção de recaídas. Para isso, a clínica oferece assistência psiquiátrica e psicológica, prática de esportes e terapia ocupacional, todos voltados especificamente para o tratamento de dependência química.
“No setor Mirante do Instituto Bairral, o paciente fica internado e não é permitido sair, seja a passeio ou licença durante todo o período de internação. O paciente pode receber visitas de familiares durante os finais de semana”, explica a psiquiatra.
Crise de abstinência? Tentativas de fuga?
A médica afirma que podem ocorrer casos deste tipo, sim. A abstinência de maconha pode se apresentar um quadro de alterações emocionais, mudança do padrão de apetite, perda de peso, desconforto físico e alteração do sono no paciente. “Durante o tratamento, os sintomas de abstinência são manejados com medicação e abordagens comportamentais, não sendo permitida administração da droga de abuso para a cessação destes sintomas”, afirma a médica.
Como o tratamento da dependência química, na maioria das vezes depende da voluntariedade do paciente, é preciso que a pessoa esteja disposta a colaborar. Por isso, o tratamento é realizado em setor externo, com regras bem definidas e com certa dose de responsabilidade por parte do paciente no tratamento. “O setor é cercado por muros, porém sem restrições maiores para a fuga. Se existir a tentativa, será interpretado como falta de motivação para tratar-se e o paciente pode ser desligado do tratamento intra-hospitalar”, finaliza Dra. Ana Clara.
Instituto Bairral de Psiquiatria
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Itapira - SP
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