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Emagreça sua cabeça!

Para especialista em transtorno alimentar, reprogramação da mente é fundamental para o sucesso do tratamento da obesidade

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Com o crescimento em ritmo acelerado da obesidade, muito se fala atualmente a respeito da necessidade de tratamentos efetivos para combater este que é um dos grandes males do século 21. Não fogem à pauta dos candidatos a ex-gordinhos dietas, exercícios, remédios ou procedimentos bariátricos para a restrição alimentar. Todavia, embora estes tratamentos tenham embasamentos científicos e sejam eficazes, não é raro ver casos de insucesso no processo de emagrecimento em virtude de dois fatores importantes que raramente são pontuados e trabalhados no indivíduo obeso: mudança de pensamentos e comportamentos.

De acordo com a psicóloga especialista em terapia comportamental-cognitiva pela USP e transtornos alimentares pela UNIFESP, Marilice Rubbo de Carvalho, a ansiedade é apontada regularmente como grande vilã para a obesidade, mas a questão é frequentemente mais complexa e não passa somente pela ansiedade e sim por outros transtornos mais profundos.

"Sentimentos como tristeza, raiva, frustração, entre outros, possuem bases em históricos particulares e que levam o indivíduo a buscar no alimento uma fuga", relata Marilice. Desta forma, segundo a especialista, se a mente do obeso não for especialmente trabalhada, as terapias externas como dietas, reeducação alimentar, atividade física se tornam mais difíceis para a redução definitiva de peso do individuo. "É algo que parece simples, mas não é, e costuma ser negligenciado até mesmo por especialistas em obesidade", aponta.

Marilice destaca o uso cada vez maior da terapia comportamental-cognitiva para este fim, cuja técnica auxilia na perda e controle de peso através da modificação de pensamentos disfuncionais associados aos hábitos do paciente, como o aprendizado sobre seu comportamento alimentar e entendimento dos sentimentos e pensamentos que o levam a comer. A terapia tem ainda como objetivo gerenciar as emoções do paciente, melhorando sua auto-estima, reforçando e motivando a importância das mudanças de hábitos, reações ao estresse, ansiedade e compulsão alimentar.

"Alguns sentimentos são comuns na maioria dos casos, às vezes provocados por traumas e crenças que geram baixa auto-estima, sensação de inferioridade, infelicidade. São neles que direcionamos o foco do paciente para uma mudança de percepção e atitude”, revela.

A importância desta terapia não é somente para quem deseja mudar de comportamento e entender sua relação com a obesidade, mas também para quem recorre às cirurgias de redução de estômago, à colocação da banda gástrica ajustável, ao procedimento endoscópico com balão intragástrico e medicamentos inibidores de apetite. "É essencial que antes de iniciar algumas destas terapias o paciente realize um profundo trabalho de mudança cognitiva comportamental para se preparar para uma mudança na alimentação posterior a estes procedimentos e manter toda a programação necessária para a manutenção do peso perdido”, explica Marilice.

Para o sucesso do tratamento é preciso trabalhar a organização pessoal definindo as prioridades, planejar o tempo executando suas tarefas no dia a dia com tempo hábil para realizá-las sem perder o foco, dizer "não" colocando limites em seu âmbito profissional e pessoal, não ser perfeccionista e pensar que é "tudo ou nada" (é necessário ser flexível). Os resultados deste tipo de tratamento têm sido cada vez mais eficazes. Vale a pena tentar!