Há alguns dias ouvi - de novo - o poeta Martinho da Vila cantar: “Já tive mulheres de todas as cores, de várias idades, de muitos amores (...)”. E estas duas últimas palavras ficaram martelando na minha cabeça. Afinal de contas, o que diabos é uma mulher de muitos amores?
Diante desta ligeira obsessão entrei em processo de regressão e fui buscar no âmago do meu eu a mulher que talvez fosse à minha resposta para tal questão. Não precisei de mais que alguns breves segundos para saber que se tratava dela. Aquela mulher, que por mais que eu a odeie, por mais que todo o rancor do mundo não passe de uma dose homeopática diante da mágoa que ainda nutro por ela, é a mulher que eu jamais esquecerei.
Engana-se quem pensa que se trata de um amor mal resolvido, pelo contrário, a vida seguiu seu curso e fez questão de esclarecer de uma vez por todas que nunca se tratou de amor. Não à toa vivemos nos cruzamos por aí, e isso já basta para eu provar a mim mesmo que vê-la nos braços de outro homem - seja noiva, casada, ou apenas ficando com alguém -, não me dói.
Contudo é impossível negar o fato de que com ela eu vivi os meus amores mais intensos, carnais e divinos em sua forma mais pervertida. Quis o destino que nós não nos completássemos e que não nos entendêssemos, sequer que respeitássemos um ao outro. Mas definitivamente fomos criados para dar um espetáculo em quatro paredes e isso é algo nada tirará de nós, ou de nossas lembranças mais obscuras.
Sem sombra de dúvidas uma boa chave de coxa é um fator crucial para tornar uma mulher inesquecível. Anos de banhos e noites solitárias já deixaram suficientemente claro que ela sempre estará viva em minhas cabeças.
E no fundo por mais que eu negue a verdade que está escancarada na minha frente. Todos aqueles momentos foram especiais, a entrega mútua, a confiança, a parceria, a reciprocidade no prazer e um desejo quase doentio que um nutria pelo o corpo do outro.
Não há nada de errado caso sua única lembrança boa de um relacionamento seja o sexo. O sexo que vocês fizeram na casa dela, na sua casa, na churrasqueira, no playground, no piano, onde quer que seja. Antes a lembrança dos melhores boquetes que o seu pau já pode sentir a viver anos um relacionamento que no final não significou nada.
E já dizia Lord Byron o melhor profeta do futuro é o passado. Então se tudo der errado no amor, eu prefiro ter a sorte de viver o que me resta de vida ao lado de mulheres inesquecíveis como esta.
Sobre Marcel Costa
Amante do bar, da música e da literatura. Mais retardado que fantástico.
Toca tão mal quanto escreve. Acredita que no final do dia é tudo por ela.
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