Nenhum surfista gosta de tomar uma vaca, mas no caso de Rodrigo Koxa, Vitor Faria, Carlos Burle, Felipe Cesarano e Pedro Skooby (ele mesmo, o da Piovani), a situação não é apenas ruim por causa da frustração de perder a onda e levar um caldo. Afinal, eles são big riders e uma vaca pode ser fatal.
Desafiando o mar
Big rider nada mais é um cara que surfa big waves, o seja, ondas com 20 pés (6 metros) ou mais. E, se você acha que é pouco, imagine levar um caldo de uma onde de 6 metros e ficar mais de 30 segundos embaixo da água, que por sinal, é cheia de pedras.
Não é moleza, mas Rodrigo Koxa, 31 anos, afirma que o prazer pegar uma onda gigante é proporcional ao tamanho da mesma, imenso. E o caro sabe do que está falando. Começou a surfar com 8 anos, no Grarujá, e em sua primeira viagem, aos 15 anos, para Puerto Escondido, no México, deu a sorte de encontrar um swell com ondulações de 12 a 15 pés. Gostou e passou anos se preparando, até que em agosto de 2010, bateu o recorde da América Latina, pegando uma onda de 60 pés, o equivalente a um prédio de cinco andares, em Punta Docas, no Chile.
Parceria
Pegar uma onda dessas no braço nem sempre é possível, a natureza fala mais alto, então a prática do tow-in (chegar até a onda sendo puxado por um jet-ski) é bem comum e recomendada. Por isso, os praticantes afirmam surfar big waves é um trabalho em equipe. Além de te levar até onda, o seu parceiro também te salva, se você levar uma vaca.
Vitor Faria, 28 anos, e Koxa são parceiros. Além de pegarem onda todo dia no Guarujá juntos, os dois também viajam para Teahupoo, no Taiti, há 11 anos. O local é uma da Meca para quem está atrás das big waves.
No último fim de semana de agosto, Vitor e Koxa estavam Teahupoo e encontraram um swell que nunca haviam presenciado antes, o mar estava quebrando muito pesado. Mesmo assim, os caras caíram no mar e enfrentaram as ondas: Vitor tomou uma vaca e acabou torcendo o joelho, mas garante que valeu a pena!
E Rodrigo ainda destaca que a competição, mesmo que exista, é diferente entre os big riders, pois todo mundo fica feliz quando alguém consegue pegar uma onda e ninguém se machuca.
Mente e dedicação
Ainda se recuperando da vaca no Tahiti, em sessões de fisioterapia, Vitor chama atenção para o que ele considera uma das coisas mais importantes para um big wave: estar mentalmente preparado. “Quando um cara cai da onda, ele tem que estar relaxado,” avisa Vitor, que faz ioga uma vez por semana.
E a dedicação também é outra: os bid riders vivem para o surf. Surfar todo dia, fazer academia e ioga, acompanhar a previsão de ondas pela internet, viajar e, fazendo caber no orçamento, comprar um jet-ski.