Carlo Mossy, o Rei da Pornochanchada Ator, que virou ídolo Cult, fala do período mais quente do cinema brasileiro e mostra que ainda está com tudo em cima aos 65 anos gplus
   

Carlo Mossy, o Rei da Pornochanchada

Ator, que virou ídolo Cult, fala do período mais quente do cinema brasileiro e mostra que ainda está com tudo em cima aos 65 anos

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Carlo Mossy é um daqueles caras que rendem biografias invejáveis. Um dos mais importantes atores da história do cinema nacional, ele foi protagonista de muitos dos clássicos da sétima arte brasileira e contracenou com as mulheres mais lindas da década de 1970. Galã de olhos verdes e em ótima forma, mesmo na condição de sexagenário, este israelense há muito tempo radicado no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, é, acima de tudo, um amante da arte e da vida e seus prazeres. Nesta deliciosa entrevista, o Rei da Pornochanchada conta um pouco de sua trajetória, como começou sua carreira e fala de novos projetos.

Mossy, não poderia começar a entrevista com outra pergunta: você tem ideia de quantas mulheres contracenou nas telonas, no auge da Pornochanchada?
Não que me seja a coisa mais importante a quantidade de mulheres que comi ou que fui comido por elas, mas a qualidade de mulheres. Sim, essa é a recordação orgástica que sempre advém à minha mente, todavia safada.

Você fez cenas sensuais com as mais belas atrizes da década de 1970. Mas qual ou quais foram as mais especiais?
Entrego-me de corpo e alma às minhas interpretações durante as filmagens, mas após, se a química rolar entre nós, pinta paixões efêmeras, mas nem por isso menos substanciais. Minhas grandes e recônditas paixões durante a adolescente gradação artística foram a Odete Lara e a Adriana Prieto. Outras, claro, pintaram no pedaço da minha fantasia e realidade concupiscente, mas não no território do coração.

Mossy, você foi galã e um dos mais assíduos atores dos anos 1970. Por que você não migrou para a televisão, como a maioria dos seus colegas, na década seguinte? Qual o motivo para ter saído dos holofotes?
Sou e continuarei sendo visceralmente homem de cinema. Razões particulares me afastaram um pouco da grande tela. Na TV, tenho pequenas e simpáticas periódicas participações, mas não é o que me seduz sobremaneira. Sou mais para o set de filmagem e sua magia transcendental.

Nessa fase áurea do cinema brasileiro, você era o conquistador; o Jece Valadão, o durão; o Davi Cardoso, o cara que comia até a mãe se fosse preciso; o Maurício do Valle, o louco; o John Herbert, o mauricinho, entre outros. Esses tipos, em sua opinião, fazem falta ao nosso cinema? Perdemos a essência e a brasilidade na hora de filmar?
Ao perdê-los, como você bem desenha, perdemos a essência da pura sacanagem. Nem eu, já aos 65 anos de idade, me disponho (fisicamente) às aventuras lascivas de outrora. Os tempos são outros, as responsabilidades, a economia, a política, as finanças particulares e até os sonhos de outrora se congelaram no inexorável tempo/espaço. “Helas”...

O rótulo Pornochanchada te incomoda?
Muito pelo contrário, uso-o e aplico-o orgulhosamente em todas as minhas entrevistas. Acho que o rótulo pejorativo dado pelos pseudointelectuais e pelos ridículos pseudocríticos de cinema, à época de ouro da nossa filmografia, na tentativa de denegrir o cinema popular e, consequentemente, de sucesso de público, está se transformando num rótulo cultuado pela nova geração de cinéfilos e afins.


Falando um pouco da vida pessoal, você tem uma história fantástica com uma das figuras mais controversas do século passado. Conte como conheceu e conviveu com Fernand Legros, um dos maiores marchands de quadros falsos da história. É verdade que você teve um caso com ele?
Fernand Legros foi e continua depois de morto sendo meu guru existencialmente “celulóidico”. Foi meu benfeitor filosófico. E ter um caso... A gente tem até com a vassoura de casa.

Sexualmente, como você definiria sua orientação?
Considero-me hetero até que minhas opções sexuais e fantasiosas metamorfoseiem-se, surpreendentemente, em algo distinto. O ser humano, enquanto à sua orientação sexual, é fragilíssimo em todas suas dimensões carnais e espirituais. Todos nós nascemos bi, todos. Alguns experimentam, aceitam e mantêm-se ativos como tais, enquanto outros morrem antes de experimentar os dois lados da prazerosa moeda (risos).

Mossy, como começou sua carreira de ator?
Comecei em meados de 1965, em Paris, dirigindo e atuando em três curtas-metragens. Já no Brasil, com o filme “Copacabana me Engana”, ao lado de Odete Lara, Claudio Marzo e Paulo Gracindo (pai). Aliás, comecei muito bem, obrigado.

Carlo Mossy, você é um sexagenário inteiraço. Qual o segredo e que dicas você daria para os homens da sua faixa etária que estão meio caídos?
Simples. Não comer gordura animal, não fumar, não beber excessivamente, jogar futevôlei na praia, sinuca, porrinha com amigos de boteco, ser boêmio, falar muita sacanagem e, sobretudo, não rezar ou orar demais. Ah, esqueci o principal: Foder, foder literalmente, pelo menos duas vezes por semana, mesmo que com sua esposa ou companheira e de forma fantasiosa.

Você mantém o mesmo apetite sexual de seus personagens da época da Pornochanchada?
Fisicamente e fisiologicamente, claro que não, mas, mentalmente, sou superativo. É a fatídica consequência agregada aos prazeres distintos.

O que você considera como acertos e erros em sua carreira nas artes cênicas?
Não há erros, apenas acertos. Ainda provirão outros produtos “celulóidicos” e seus subprodutos superacertados.

Você acha que com o seu currículo, em um país de primeiro mundo, o reconhecimento seria maior ou isso não te incomoda?
A gente tem que se adaptar às circunstâncias culturais de um país. Se estivesse em Hollywood, talvez tivesse mais reconhecimento e mais grana, o que não mudaria meu comportamental, mas nada se compara em subsistir num mundo dadivosamente subdesenvolvido, onde a arte é metafísica e não poética. 

O que Carlo Mossy está fazendo no presente e preparando para o futuro?
Muitas coisas legais, pelo menos pra mim. Aguardem e verão um “neo-Mossy-fílmico-sazonado” com imagens e sons mais elaborados e menos, infelizmente, joviais que em relação aos tempos idos. Talvez um Mossy mais sofrido e intelectualmente cognitivo, metafórico, ácido, sem, no entanto, deixar de ser um glorioso romântico.

Você se considera o israelense mais carioca do mundo?
Considero-me um romântico/safado carioca universal...