No início dos anos 60, um piloto da força aérea dos EUA chamado Joseph Kittinger ficou famoso ao participar do projeto Excelsior, através do qual ele saltou de um balão de hélio a uma altura de 31,3 km. Agora é a vez do base jumper austríaco Felix Baumgartner de 43 anos mostrar que, 50 anos depois da façanha, ainda é possível ir um pouco mais além.
Na época, Kittinger afirmou ter quebrado a barreira do som, porém isso não aconteceu -- a velocidade de descida foi de aproximadamente 1.148 km/h. Seu ousado recorde, entretanto, não consta no Guinness Book, já que a missão de Kittinger era militar, e aquele era apenas seu 33º salto. Atualmente, os registros apontam o russo Eugene Andreev da FAI (Fédération Aéronautique Internationale) como detentor do mérito, depois de percorrer quase 25 km em queda livre em 1962, próximo à cidade de Volsk.
A estratosfera, de onde “começará” a jornada de Baumgartner até o solo, é um ambiente extremamente hostil para o ser humano. A temperatura pode chegar a -56 ºC e a pressão atmosférica é praticamente inexistente. Isto, combinado à ausência de resistência do ar, fará com que a cápsula ultrapasse a barreira do som -- o que exige um uniforme pressurizado, caso contrário os líquidos do organismo se transformariam em vapor em segundos.
Por causa disso, o austríaco recebe um treinamento hardcore com muito exercício físico e de adaptação aos trajes pesados que terá de vestir. Se uma tolerância à sensação de “confinamento” que a roupa provoca não for criada, há grandes chances do indivíduo sofrer um ataque de claustrofobia depois de certo tempo.
Ao percorrer apenas 6 km em queda livre, Baumgartner deverá ultrapassar a barreira sônica, chegando a 1255 km/h. Quando chegar à troposfera, onde o calor é mais intenso e o ar mais denso, a velocidade do base jumper irá diminuir gradativamente. Somente a um quilômetro do solo é que o experiente base jumper abrirá o paraquedas -- todos os movimentos do austríaco serão registrados por câmeras especiais preparadas por Jay Nemeth para suportar a ausência de gravidade.
O salto ainda não tem data prevista, e por enquanto o blog do projeto informou que a equipe continua fazendo testes de voo e na aparelhagem da cápsula. No entanto, é bem provável que a façanha aconteça ainda este ano, uma vez que 2012 marca o aniversário de meio século da missão de Kittinger. Haja sangue frio!