Em passado não tão distante, cachaça era sinônimo de bebida ruim, intragável. Somente os gringos tomavam, por curiosidade. Hoje, ainda existe preconceito em torno da cachaça, mas, aos poucos, parece que o brasileiro está mais interessado em conhecer a bebida típica do País. A cachaça está ficando chique!
Você sabe que existe até sommelier de cachaça? Pois é. Leandro Batista tem 31 anos e está há seis anos no Mocotó, premiado restaurante e cachaçaria localizado na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo. Começou como garçom, mas o interesse pela cachaça fez sua vida mudar.
Hoje, é um especialista na bebida. Sabe tudo e mais um pouco sobre cachaça. O AreaH foi ao Mocotó, provou da saborosa culinária nordestina e passou uma agradabilíssima tarde com Leandro. Ah, claro, montamos um verdadeiro guia para você começar a apreciar essa maravilha bem brasileira chamada cachaça. Claro, sempre com moderação!
INICIANTES
Para quem pouco conhece sobre a cachaça, é bom começar com uma mais fraca e, depois, partir para as de verdade. Leandro indica duas para os iniciantes.
Busca Vida
17,5% de teor alcoólico
De Bragança Paulista (SP)
A rigor, a Busca Vida não pode ser chamada de cachaça. Pela definição, cachaça é a aguardente obtida pela destilação do mosto fermentado de cana de açúcar, com graduação alcoólica de 38% a 48%. Além disso, a Busca Vida tem mel e limão. Como a própria garrafa diz, é uma “bebida alcoólica mista de cachaça”
Definições à parte, a mistura de Bragança Paulista é perfeita para quem quer se iniciar no maravilhoso mundo da cana. “Tem de servir gelada. Para quem está iniciando, é perfeita. Tem de começar com a Busca Vida e partir pra uma cachaça de verdade depois”, analisa Leandro.
Weber Haus
38% de teor alcoólico
De Ivoti (RS)
“É uma cachaça envelhecida em amburana, que dá uma característica de canela e baunilha na bebida. Para quem não conhece cachaça, ela é indicada por ser suave, não ser tão forte. E brasileiro gosta de coisa mais docinha”, diz o sommelier do Mocotó.
CAIPIRINHA
Com tantas opções de boas cachaças e de diferentes tipos e sabores, Leandro indicou uma para fazer a perfeita caipirinha. No Mocotó, provamos uma deliciosa, de caju e limão cravo.
João Mendes
38% de teor alcoólico
Perdões (MG)
“Não é envelhecida em madeira nenhuma, é suave. Tem aroma bem pronunciado da cana, principalmente quando mistura com a fruta. É perfeita para caipirinha”, lembra Leandro.
COM A GATA
Sim, quebre a rotina e não ofereça vodka para a gata. Por que não uma boa cachaça? Leandro indica duas boas opções.
Francesinha
“A gente usa cachaça envelhecida em carvalho e faz uma infusão com a fava de baunilha francesa e algumas especiarias. Produzida no Mocotó, receita do chef Rodrigo Oliveira. Para servir gelada, após as refeições. Ou para ocasiões especiais, porque falam que é afrodisíaca! A mulherada toma e fica diferente!”, garante Leandro.
Série A
38% de teor alcoólico
De Cambuí (MG)
“Aguardante de cana composta com Cambuci e que vai muito bem com charuto ou para tomar pura. É muito doce. Sempre bom tomar gelada”, recomenda o sommelier.
ENERGÉTICO
Quem disse que só whisky ou vodka vai bem com energético?
Espírito de Minas
43% de teor alcoólico
De Santiago (MG)
“É uma cachaça não muito cara, não tem influência da madeira, porque só é envelhecida dois anos em carvalho. Ela é fácil de achar em baladas, bares e restaurantes. A combinação do energético com a cachaça é perfeita, porque não sobressai o gosto de nenhuma das bebidas, e harmoniza muito bem”, diz Leandro Batista.
ON THE ROCKS
Para degustar como um bom scotch.
Dona Beja Extra Premium
40% de teor alcoólico
De Araxá (MG)
“Envelhecida oito anos, em três tipos de carvalho (americano, francês e português). A mistura dos três carvalhos dá características de coco, lembra o coco no paladar. Por ela ser envelhecida por oito anos nas três madeiras, realça um aroma e sabor diferenciados”.
EXPERT
Para fechar a nossa lista de cachaças, três marcas para o cabra macho, o cara que já gosta da bebida e quer degustar algo nobre.
Serra Limpa
45% de teor alcoólico
De Duas Estradas (PB)
“É uma das nossas preferidas daqui por ter o aroma forte da cana de açúcar, um aroma como se tivesse saindo do alambique, lembra engenho, rapadura. Cachaça pra cabra macho, porque é mais encorpada”, garante Leandro.
Bodocó 5 anos
40% de teor alcoólico
De Betim (MG)
“Gosto muito dela porque é madeirada. Não sobressai a madeira, é bem equilibrada. Lembra muito Armagnac (aguardente de vinho, típico na França), porque, antes de virem ao Brasil, os barris foram usados para envelhecer essa bebida”, conta Leandro.
Germana Heritage
40% de teor alcoólico
De Nova União (MG)
“Essa, pra mim, é a melhor. É um blend de madeira: 10 anos envelhecida, oito em carvalho e dois em bálsamo. A combinação das madeiras dá toques de banana na bebida. Ela é muito redonda, muito boa para harmonizar com costela de porco, com comida, porque não é tão forte. Muito equilibrada. Tem essa característica de lembrar doce de banana”, finaliza Leandro.
Agora, é só escolher, amigo. Aprecie a verdadeira bebida brasileira! Ah, e se você ainda quer saber mais sobre cachaça, o sommelier Leandro Batista promove degustação com um menu selecionado no Mocotó. Ligue lá e informe-se: (11) 2951-3056.
Para saber mais
- Mapa da Cachaça - http://mapadacachaca.com.br/